A assemblagem (ou assemblage) é um trabalho no qual o artista, quem a produz, une objetos utilizando colagem ou encaixes diversos para expressar seu imaginário. Estes objetos, quando unidos, apesar de permanecerem em seu estado original, parecem diferentes, o que forma um novo conjunto. O resultado propõe novas associações e consequentes leituras e significados.
A Arteterapia utiliza esta técnica como recurso expressivo aproveitando-se da abordagem sutil que esta permite. A assemblagem traz liberdade de expressão através da organização em etapas, da escolha e uso de materiais, dos objetos e do processo realizado totalmente por conta do individuo.
A possibilidade de exteriorização de conteúdos inconscientes, vem de forma espontânea e natural quando o criador da obra, de posse de sua produção concluída, faz revelações importantes. O arteterapeuta consegue resultado quando observa a materialidade (o que e como foi usado) e a construção, principalmente no uso do suporte e nos detalhes usados para ligação, união e fixação do material.
O convite ao trabalho com arteterapia é um convite a individuação porque supõe o risco de poder expressar-se, ir contra as regras vigentes aos modelos idealizados, a tradição, os costumes, a conformidades. Implica em poder ousar, ver-se, experimentar-se, soltar-se, sair de estados confortáveis, seguros e estagnados para outros lados escuros desconhecidos de si mesmo (URRUTIGARAY, 2004, p.78)
O uso da assemblagem faz sentido então pelo uso que faz de técnicas mistas para sua composição. Como resultado temos uma metáfora da própria existência, onde o indivíduo é convidado a utilizar vários artifícios para superar dificuldades e vivenciar glorias. Material reciclado, ressignificação no momento da construção, são fatores que estabelecem um ambiente com possibilidades e estímulos para a mudança.
Formando a matéria, ordenando-a, configurando-a, dominando-a, também o homem vem se ordenar interiormente, a dominar-se, vem se conhecer um pouco melhor e a ampliar sua consciência nesse processo dinâmico em que recria suas potencialidades essenciais (OSTROWER, 1977, p.53)
Conclui-se, portanto, que a criatividade aliada à imaginação, assim como o conteúdo do inconsciente podem ser estimulados com a técnica de assemblagem pois esta utiliza a modificação, o improviso. Os resultados surpreendentes da produção podem representar os que se conseguem na vida, quando se observa a capacidade de pensar, realizar e mudar.
REFERÊNCIAS
OSTROWER, Fayga. Criatividade e Processo de Criação, Rio de Janeiro, VOZES, 2007.
URTIGARAY, Maria Cristina. A transformação Pessoal pelas Imagens, Rio de Janeiro, WAK Editora, 2003.
00Texto escrito por Silvia Quaresma
Arteterapeuta AATESP 665/0720