O Psiquiatra suíço Carl Gustav Jung (1875-1961) definiu o termo Arquétipo como uma maneira de nos orientar em relação ao padrão de comportamentos e emoções ou até mesmo as imagens que se encontram na totalidade de nossa psique.
Segundo Von Franz (2008), na Psicologia Analítica proposta por Jung, os arquétipos são as vivências da humanidade que ficaram registradas ao longo dos tempos e das experiências do Homem que são manifestadas através dos sonhos, dos símbolos, da literatura e até mesmo dos cinemas.
Neste artigo, estaremos compartilhando com o caro leitor, dois importantes arquétipos da Psicologia Junguiana: Puer e Senex.
Na realidade, o Puer e o Senex possuem respectivamente como referências a figura do Jovem e do velho. Essas referências podem ser configuradas através das atitudes, das vivências e dos comportamentos de um ser humano.
O Puer é o que denominamos a eterna criança em seu mundo de sonhos, brincadeiras e fantasias. O Arquétipo Puer nos remete aquela criança que nunca cresce não se desenvolve e não amadurece. Um dos exemplos mais comuns deste arquétipo se faz presente no personagem Peter Pan.
O Arquétipo Senex é o que definimos como sendo aquele adulto sério demais, comprometido com suas vivências, sempre carregado com muitas responsabilidades e cuidados para com tudo o que o cerca.
Segundo Von Franz (2008) os arquétipos Puer e Senex se destacam pelas suas polaridades positivas e negativas.
No arquétipo Puer, podemos encontrar os seguintes aspectos:
- Curiosidade;
- Liberdade;
- Pressa;
- Fantasia;
- Desligamento da realidade;
- Sensação de “Tudo Posso”.
No Arquétipo Senex, encontramos os seguintes aspectos:
- Lentidão;
- Paz;
- Impotência;
- Negatividade;
- “Pés no chão”;
- Voltado para a realidade.
Para Von Franz (2008), o arquétipo Puer se define como a imagem da criança divina e representa a renovação da vida, o fortalecimento da juventude em nossa psique. No entanto, essa criança divina carrega em si a sombra da infantilidade, que pode impedir o progresso e também fazer com que nos tornemos dependentes e até mesmo preguiçosos. Tornamo-nos fugitivos diante dos problemas da vida e não amadurecemos.
Segundo Hilmam (1999), Puer e Senex não podem ser definidos como arquétipos distintos um do outro, pois eles formam apenas um. Juntos eles formam o Pai Tempo e o Jovem Eterno.
Todos nós temos essas duas vivências representadas nesses Arquétipos unidos. Por isso, é importante ressaltar a busca pelo equilíbrio entre as polaridades.
Em muitos momentos na vida é preciso resgatar a criança que reside em nós, para podermos encarar as duras realidades que a vida nos impõe e que carregamos em nós mesmos. Mas também, não se pode ser criança o tempo todo. Precisamos crescer, evoluir e assumir as responsabilidades que a vida nos propõe.
Tudo aquilo que não é canalizado de uma forma sadia, torna-se unilateral. Toda unilateralidade é prejudicial, assim como todo desequilíbrio é patológico.
Assim, concluímos que o arquétipo Puer tem como função plantar, fazer brotar e florescer, enquanto que o Senex se responsabiliza pela colheita dos frutos que a psique produz.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BERNARDI, Carlos. Senex.et.puer: esboço da psicologia de um arquétipo. In: MONTEIO, Dulcinéa, M. P.(Org). Puer-Senex. Petrópolis, Rio de Janeiro. Vozes, 2008
FRANZ, M. L.Von. Puer Aeternus: a luta do adulto contra o paraíso da infância. São Paulo: Paulus, 1992.
JUNG, Carl Gustav. A psicologia do arquétipo da criança. In: Os Arquétipos e o Inconsciente Coletivo. Petrópolis: Vozes, 195