Na análise junguiana, que podemos entender como psicoterapia, (importante ressaltar que para os junguianos o termo “análise” seria um processo bem mais profundo voltado à individuação) a individuação é um processo que contém dois grandes movimentos. Um que seria voltado à trazer consciência sobre elementos do inconsciente, separando-os e decompondo-os, trazendo mais clareza ao indivíduo sobre seus próprios conteúdos, sobre os símbolos que se manifestam. Nessa separação desses conteúdos, quando há mais clareza, podemos possibilitar ao indivíduo que se separe de outras identidades criadas. Identidades essas baseadas em pessoas, objetos e no seu meio externo. Assim como também poder se separar daquelas figuras internas que estariam fixas dentro da própria psique. Na realidade essas figuras baseadas no externo e fixas dentro de si não tem uma separação tão bem definida, mas é importante que em alguns momentos possamos enxergá-las assim para que seja possível compreendê-las dentro do nosso limitado alcance (STEIN, 2020).
E é esse primeiro movimento, onde o indivíduo vai se desidentificando dessas outras figuras ou identidades, que o possibilita ir em busca de uma consciência mais clara, mais transparente, melhor voltada para ele mesmo e para sua própria realização.
Simultaneamente acontece o que seria o segundo movimento, onde é necessário dar especial atenção à imagens arquetípicas que possam surgir através de símbolos, imagens, fantasias, sonhos e acontecimentos que chamem devida atenção, como aqueles que incluem o fenômeno da sincronicidade. Esses dois movimentos são fundamentais para que a individuação possa acontecer. Um movimento que se dirige à purificação da psique em relação às identificações inconscientes e outro que permita a emergência de símbolos que vem da totalidade, para ampliação da consciência e contato com o Self (STEIN, 2020).
Esses movimentos na análise possibilitam menos projeções e mais relações reais e maduras na vida do indivíduo. Uma compreensão e libertação mais consciente do passado e das fixações. Mas uma outra grande possibilidade de caminho e conquista dentro da análise é a ampliação da visão de futuro, de se compreender para onde ou para quê o inconsciente está direcionando o indivíduo, uma visão de passado e uma perspectiva de futuro.
Referência Bibliográfica
STEIN, Murray. Jung e o caminho da individuação: uma introdução concisa. Trad. Euclides Luiz Calloni – São Paulo: Cultrix, 2020
Texto: Alessandra M. Esquillaro – CRP 06/9734700