SUPERVISÃO CLÍNICA NA ABORDAGEM DA PSICOLOGIA ANALÍTICA
“Supervisão: aquilo que não está claro para nós, porque não o queremos reconhecer em nós mesmos, nos leva a impedir que se torne consciente no paciente, naturalmente, em detrimento dele.”
O que é supervisão clínica?
De acordo com o Conselho Federal de Psicologia: “A supervisão clínica tem como objetivos sanar dúvidas sobre técnicas terapêuticas, promover reflexão sobre o vínculo terapêutico com os atendidos, fornecer os recursos necessários para que o psicoterapeuta desenvolva o raciocínio clínico, analise as contingências relevantes e elabore um plano terapêutico. É uma oportunidade de enriquecimento com um profissional qualificado para tal.” (JACOBY, 1991)
Por que você deve fazer supervisão?
Mario Jacob já dizia: “A prática da psicoterapia junguiana consiste em duas pessoas se encontrando para tentar compreender que se passa no inconsciente de uma delas.
O/a analisanda/o tem sintomas, conflitos ou insatisfações profundas com as quais vem lutando sozinha/o em vão. Os sintomas (complexos) parecem mais poderosos do que qualquer força de vontade consciente que esteja a seu dispor.
A fonte da neurose está escondida de ambos (paciente e analista). Juntos eles exploram causas inconscientes, metas e significados.
Não basta compreender o inconsciente e a consciência da pessoa em análise. É importante considerar o que está acontecendo entre as duas pessoas envolvidas nesse processo. A relação analítica é absolutamente necessária para o processo terapêutico e é por meio da supervisão que isso pode ser trabalhado.
Alguns dos seus aspectos impulsionam o processo, outros podem atrasar. Qualquer analista junguiano sabe que não é seu trabalho curar. A ajuda só pode vir através da transformação da atitude do paciente, do encontro de uma relação acertada com seu inconsciente. Mas, uma vez que o analista é tomado inconscientemente pelo arquétipo do curador, esse conhecimento pode ser usado de forma zelosa.”
Dessa forma a supervisão clínica, na abordagem junguiana, tem por objetivo contribuir para ampliação simbólica dos conteúdos psíquicos (falas, sintomas, sonhos, sincronicidades) trazidos pelos atendidos e pelo analista, sondar as transferências e contratransferências no intuito de colaborar para o manejo clínico.
Onde posso fazer supervisão na abordagem da psicologia analítica?
Por conta da relevância da prática para o desenvolvimento profissional na clínica, é de suma importância a escolha de um lugar idôneo, que tenha o reconhecimento e as certificações necessárias. Além disso, é importante que os profissionais responsáveis pela supervisão tenham a formação adequada e bons anos de experiência no exercício dos atendimentos.
Aqui no Instituto Freedom, estamos com as vagas abertas para DUAS turmas de supervisão, com os docentes Jorge Miklos e Rangel Fabrete.
Para conferir informações como dias, horários e valores, clique aqui. Mas corra, pois para garantir a ampla participação, as vagas são limitadas.
A Psicoterapia na Abordagem Junguiana
Assim é, no nosso entendimento o olhar junguiano sobre a psicodinâmica.
“Durante os vinte primeiros anos de sua vida, Jung se sentiu constantemente inseguro e desconfortável em seu ambiente. Ele sabia o que significava não estar “dentro dos padrões”, sentir-se diferente dos outros e aguentar o olhar e as zombarias daqueles que não gostam que não sejamos como eles. Isso formou sua atitude desde o início de sua existência e lhe ensinou a confiar e a se apoiar unicamente em seus recursos interiores. Tal abertura à “diferença” formou seu espírito para sempre. Seu olhar penetrante sobre os seres e as coisas, bem como a maneira como considerava a doença mental e a neurose, seriam profundamente influenciados por isso.
Com seu modo extremamente humano de encarar a relação médico-paciente, Jung não tenta enfatizar o lado patológico das pessoas ou os aspectos que nelas não funcionam bem, visando eliminá-los, corrigi-los ou fazê-los entrar nos padrões. Ele sabe que cada um constrói sua neurose como reação de sobrevivência e numa tentativa de autocura. O objetivo principal, portanto, não é fazer com que ela desapareça, mas, ao contrário, tentar compreender o que a impulsiona e sua significação profunda. É descobrir qual poderia ter sido sua utilidade no contexto em que cada um viveu e se desenvolveu. Ao fazê-lo, Jung esforça-se para encontrar o valor próprio de cada ser e sua riqueza interior, a fim de permitir que cada um descubra quem verdadeiramente é, para que viva com mais coerência consigo mesmo, ainda que isso não esteja de acordo com aquilo que o ambiente espera dele.
A visão de Jung
Pois, para Jung, que era psiquiatra, ninguém é verdadeiramente normal ou anormal, psiquicamente saudável ou doente. Aliás, quem pode realmente dizer o que é “normalidade”? Todos os seres são diferentes e somos todos, em determinadas circunstâncias ou em alguns momentos, um pouco “loucos”, ou até mesmo “perdidos” no difícil caminho da vida. Mas talvez resida exatamente aí nossa originalidade, pensava ele.
A visão que Jung tem do mundo e dos seres não é binária. Ele não tenta combater ou eliminar nossas contradições e falhas. Ao contrário, Jung empenha-se, e aí está sua grande originalidade, em encontrar o sentido que elas têm para nós hoje, o que faz com que sejamos como somos. Ele busca o que essas contradições vêm compensar e o que podem significar em relação ao que foi estabelecido interiormente, de maneira inconsciente, na tentativa natural de encontrar o equilíbrio aceitável e conseguir, tanto quanto possível, continuar a viver apesar de nossas feridas. Em outras palavras, Jung interessava- -se por compreender o que nossas contradições e falhas querem dizer sobre nós mesmos, com o objetivo final de conseguir integrar esse conteúdo ao conjunto de nossa personalidade, mas, desta vez, com toda consciência, levando em consideração a extrema “complexidade” de todo ser.”
Referências Bibliográficas
THIBAUDIER, Viviane Jung, médico da alma. Tradução Martha Gouveia da Cruz, Alexandra D. de Sousa. São Paulo: Paulus, 2014. (Coleção Amor e psique) p. 11-13
JACOBY, M. O encontro analítico. São Paulo: Cultrix, 1991.
JUNG, C. G. a Prática da Psicoterapia. OC- Volume XVI/I Pág.06)
Texto produzido por nosso docente e supervisor clínico, Jorge Milkos.
1 comentário
Muito dez o artigo, parabéns!