A intenção deste texto é refletir sobre o papel dos sonhos para a Psicologia Analítica à luz dos aportes de Luiz Paulo Grinberg no livro “Jung- O Homem Criativo” (2017) e discutir a suas possibilidades e importância dentro do trabalho arteterapêutico.
Muitas vezes nos perguntamos porque ou para que sonhamos, buscamos entender os nossos sonhos, o significado, como eles se originam, e o que eles contam sobre nós, sobre a nossa história singular e a nossa história coletiva.
A linguagem onírica tem sido alvo de grandes e importantes estudos de teóricos que buscaram responder algumas dessas perguntas.
Carl Gustav Jung (1875 – 1961), considerava que o sonho era uma via de acesso ao inconsciente, uma manifestação natural, sendo a melhor expressão de si mesmo. De alguma forma, o inconsciente é capaz de mostrar o que a consciência deixou passar despercebido. Nesse sentido, o Jung vai falar de uma função compensatória dos sonhos. (Grinberg, 2017)
“O sonho funciona como um regulador do equilíbrio psíquico. Pode-se afirmar que seu significado principal é estabelecer uma relação entre a vida consciente e a inconsciente. A imagem onírica é um símbolo que liga o ego do sonhador aos aspectos não percebidos dos acontecimentos, aqueles com os quais ele não tomou contato quando desperto.”(Grinberg, 2017, p. 146)
Para Jung, os sonhos se expressam através de uma linguagem própria, diferente da linguagem da consciência. Por isso, quando queremos entendê-los racionalmente, nos deparamos com alguns desafios. Os sonhos, se apresentam em forma de imagens, símbolos e, o mais importante, segundo o próprio Jung, é que possamos nos relacionar com esses símbolos como eles são. (Grinberg, 2017)
Há na vida de todo sonhador, os pequenos sonhos provenientes do campo da experiência pessoal, com significados relacionados à vida corriqueira e cotidiana, de experiências do dia anterior. Mas também estão presentes os chamados grandes sonhos, que são aqueles que provêm das camadas mais profundas do inconsciente, o inconsciente coletivo, que contém imagens mitológicas, encontradas na história mental da humanidade. Segundo Jung, eles seriam estações na rota do processo de individuação.” (Grinberg, 2017, p.153)
É nesse sentido aqui compreendido, que os sonhos se convertem em um recurso importantíssimo para o trabalho arteterapêutico, que visa o desenvolvimento pessoal, o maior conhecimento de si mesmo através da expressão criativa e simbólica do nosso inconsciente. É de fundamental importância observar os sonhos e trabalhar com eles, a partir da linguagem própria do mundo onírico, observando os símbolos que emergem e ficando com as imagens em si mesmas, sem querer chegar em um conceito, como inicialmente nossa consciência pretenderia. Escrever os nossos sonhos quando acordamos, criando nosso diário de sonhos, expressando-os mediante alguma técnica artística plástica, também podem nos ajudar a encontrar nesse universo simbólico os caminhos pelos quais andamos internamente.
Referências Bibliográficas
GRINBERG, Luiz P. Jung- O homem criativo. [São Paulo]: Editora Blucher, 2017. 9788521210542. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788521210542/. Acesso em: 03 mai. 2022.
Texto escrito por Eliana Campagna, AATESP: 701/0920 para o Instituto Freedom.