A palavra mandala vem do sânscrito e significa círculo. O círculo é um símbolo muito presente na natureza, como por exemplo, nas flores, nos astros, nas frutas e nos ninhos de pássaros. Também o observamos em construções humanas: engrenagens, rodas, moinhos, relógios etc.
O ponto principal da mandala é o seu centro que representa a origem e a essência de tudo que há no Cosmos. O espaço interior é sagrado e o que está fora desse espaço é profano. A linha circular é o limite entre o divino e o mundano, entre a consciência e a inconsciência, entre a alma e a matéria. Ao desenhar ou construir uma mandala, cria-se algo sagrado e mesmo que o criador não tenha consciência disso, ele coloca em sua criação elementos simbólicos ancestrais.
Segundo Santesso (2015, p.146), “as mandalas em geral são em forma de círculo e este é um dos símbolos de maior representatividade e de maior poder de significação, sendo associado ao Sol que é a fonte da vida, da luz e do calor”.
Quando o indivíduo constrói uma mandala, sente a energia das cores e das formas, lidando com os seus sentimentos, emoções, sombras e conflitos. Por isso, a mandala é muito utilizada na Arteterapia, ajudando na organização mental e no autoconhecimento. Jung percebeu que as mandalas apareciam com frequência no processo psicoterapêutico de pacientes em momentos de desorganização mental.
Nise da Silveira, antes de conhecer Jung pessoalmente, escreveu-lhe uma carta em novembro de 1954, na qual perguntava se as imagens em forma de círculos de alguns pacientes seriam mandalas. Ela queria entender como o mesmo autor poderia fazer símbolos e outras formas que refletiam a cisão da psique (SILVEIRA, 2015). Um mês depois, Jung lhe responde, confirmando que as imagens eram realmente mandalas. Nise pôde compreender que essas imagens pintadas em Engenho de Dentro davam forma a forças do inconsciente que buscavam compensar a dissociação esquizofrênica. Em abril de 1957, Nise da Silveira viajou para Zurique, levando as pinturas e modelagens de vários autores para apresentá-las na exposição de produções plásticas de esquizofrênicos. O próprio Jung abriu a exposição no dia 2 de setembro.
As mandalas podem ser trabalhadas de diversas formas na Arteterapia: pintando uma mandala pronta ou desenhando e construindo-a de diversas formas. É possível usar materiais variados como sementes, frutas, giz de cera derretido, giz
colorido, além de fazer construções com algo que lembre formas circulares como o olho de Deus e filtro dos sonhos. Para inovar ainda mais, é só deixar a criatividade fluir.
Fátima Mattiolo
Registro na AATESP: 513/0719
Referências Bibliográficas
FIORAVANTI, Celina. Mandalas – como usar a energia dos desenhos sagrados. São Paulo: Pensamento, 2017.
SANTESSO, Wilma Antonia Nubiato. Técnicas de oficinas expressivas: a arte como forma de ressignificação. São Paulo: edição do autor, 2015.
SILVEIRA, Nise. Imagens do Inconsciente. Petrópolis: Vozes, 2015.