A Dinâmica da Interação Clínica entre Psicólogo – Paciente, vai se desenvolvendo durante o Processo Psicodiagnóstico. Essas duas pessoas iniciam uma relação e passam a interagir em dois planos: Atitudes e Motivações. Ambos são compostos por aspectos Conscientes e Inconscientes.
Segundo Cunha (2000), este processo consiste na identificação de forças e fraquezas na psique. Essa identificação é atribuída a dois modelos:
∙ Modelo Categórico: qualitativo;
∙ Modelo dimensional: quantitativo.
Através da coleta de dados, o Psicoterapeuta inicia o seu julgamento clínico e nesta etapa do processo é preciso estar bem atento às questões fundamentais trazidas pelo próprio paciente.
O contato com o paciente é muito importante. Para Carvalho (1955), a expressão contato, se origina da raiz “contactum”, que significa exercitar o tato. Dessa forma, é importante ressaltar que o Processo Psicodiagnóstico nos remete ao ato de tatear pelos meios da angústia, da desconfiança e do sofrimento que o paciente carrega através dessa busca pela ajuda. Tatear é lidar com as mais variadas resistências ao processo, sentimentos e situações desconhecidas.
Segundo Carl Gustav Jung (1875-1961), a marcação de uma consulta é a formalização de um processo já iniciado, precedido de uma angústia intensa e ambivalência. Nesta etapa, o paciente já admite a existência de um grau elevado de perturbação e de intensa dificuldade de elaboração que justificam a necessidade de buscar um auxílio terapêutico.
Zimermann (1992) nos aponta que, as Motivações Inconscientes se encontram nos níveis mais profundos da psique. Essas motivações consistem no motivo real da consulta, que na maioria das vezes, é desconhecida pelo paciente e por todas as pessoas que estão ao seu redor. Cabe ao Psicoterapeuta perceber, escutar, aproximar e observar como o paciente trata a si mesmo e a sua angústia. É preciso observar todos os movimentos, pois estes podem ser importantes indicadores de aspectos Inconscientes.
No Campo das motivações, se encontram o terapeuta e o paciente com seus aspectos Inconscientes, assumindo papéis de acordo com os sentimentos primitivos e as fantasias que carrega em sua mente.
No plano Inconsciente, têm-se os seguintes fenômenos:
- Transferência
- Contratransferência.
A Transferência é um processo pelo qual o sujeito inconsciente e impropriamente, desloca para o Psicólogo, aqueles modelos de comportamentos e as reações emocionais que se originaram com as figuras significantes de sua infância. Na Transferência, o paciente transfere para o terapeuta figuras como o pai, mãe, irmão, marido, etc.
A resistência do paciente também se caracteriza numa forma de Transferência. Neste caso, o paciente compete, ou tenta obter provas da aceitação do terapeuta, buscando através da manipulação. Muitos atribuem ao psicólogo uma espécie de grande poder, devido a isso lançam o desafio de resolver magicamente os seus problemas.
É preciso diferenciar a Transferência da “Aliança Terapêutica”, que consiste na relação do Ego catalisador com o componente saudável, observador e racional do Ego do Paciente.
Para Jung, é desejável para o tratamento que essa aliança, seja de tal forma fortalecida que o paciente possa depositar sua fé e confiança no terapeuta – um processo, que infelizmente é reconhecido de maneira errada como um modo de manter “transferência positiva”.
Na Contratransferência cabe ao Psicólogo a administração de todos os dados transferenciais. É um processo que requer muito cuidado, pois a Contratransferência consiste num fenômeno terapêutico que ocorre na projeção de aspectos psíquicos do terapeuta para o paciente. Neste fenômeno, o psicólogo pode ficar dependente do afeto do paciente, deixando-se envolver por elogios, presentes e propostas de ajuda, correndo o risco de ser tentado a prolongar o vínculo além do que realmente é necessário.
Torna-se fundamental que o Profissional em Psicologia esteja alerta à Contratransferência e compreendê-la como um processo dentro da normalidade, buscando dar conta de seus próprios sentimentos.
Por essa razão, é muito importante que o Terapeuta também esteja em processo de Análise. É fundamental a compreensão de si mesmo para que assim, possamos compreender o outro. Através da análise do próprio eu, do conhecimento das próprias incapacidades, limitações, paixões e sofrimentos psíquicos, é possível, pela própria experiência, alimentar a capacidade de ajudar o outro.
Encontre seu caminho, busque sempre pelo equilíbrio.
Faça psicoterapia Junguiana!
Evandro Rodrigo Tropéia / Instituto Freedom
CRP: 06/1438949
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
CUNHA, Jurema Alcides – Psicodiagnóstico V – 2000
HANS DIECKMAN, Berlim (Revista de Psicologia Analítica – Vol III, nº 1 – Março 1972) – trad. Denise Mathias e João Bezinelli