Pretendo iniciar este artigo propondo ao caro (a) leitor (a) a seguinte reflexão:
O Paciente é consciente das suas necessidades, porém ele é inconsciente das raízes.
De acordo com os estudos propostos por Kinnon e Michels (1971) quando uma pessoa carrega em si qualquer espécie de sofrimento ela deseja alívio; espera-se que a figura do psicoterapeuta forneça este alívio. A esperança do alívio é a principal motivação que leva o paciente a “dizer tudo”, através da relação de confiança que é construída ao longo da aliança psicoterapêutica. Sendo assim, é possível obter uma quantidade considerável de informações sobre um paciente através da arte de escutar.
Segundo Cunha (2000) a Dinâmica da Interação Clínica entre Psicólogo – Paciente, vai se desenvolvendo durante o Processo Psicodiagnóstico.Essas duas pessoas iniciam uma relação e passam a interagir em dois planos: Atitudes e Motivações. Ambos são compostos por aspectos Conscientes e Inconscientes. Através da coleta de dados, o Psicoterapeuta inicia o seu julgamento clínico e nesta etapa do processo é preciso estar bem atento às questões fundamentais trazidas pelo próprio paciente.
A partir da reflexão que apresento nesta análise descritiva, me atrevo a enfatizar três aspectos importantes que nos remete à expectativa que é carregada pelo paciente no início do processo terapêutico. São eles:
- Alívio;
- Esperança;
- Confiança.
Para Kinnon e Michels (1971) o psicoterapeuta é um especialista no campo das relações interpessoais. O que se espera dele é que ele seja perito no manejo da entrevista clínica e principalmente seguro e confiante em relação ao seu trabalho.
O contato com o paciente é muito importante. Para Carvalho (1955), a expressão contato, se origina da raiz “contactum”, que significa exercitar o tato. Dessa forma, é importante ressaltar que o Processo Psicodiagnóstico nos remete ao ato de tatear pelos meios da angústia, da desconfiança e do sofrimento que o paciente carrega através dessa busca pela ajuda. Tatear é lidar com as mais variadas resistências ao processo, sentimentos e situações desconhecidas.
Segundo Carl Gustav Jung (2015), a marcação de uma consulta é a formalização de um processo já iniciado, precedido de uma angústia intensa e ambivalência. Nesta etapa, o paciente já admite a existência de um grau elevado de perturbação e de intensa dificuldade de elaboração que justificam a necessidade de buscar um auxílio terapêutico.
O psicólogo está ali como nosso auxiliar. Ele não tem o poder de nos proporcionar a cura, mas pode nos auxiliar na busca pela cura tão almejada. A Psicoterapia não pensa pelo paciente, pelo contrário, ela o auxilia no contexto da expansão de seu próprio pensamento.
O objetivo da psicoterapia não é fornecer ao paciente respostas ou receitas prontas, mas sim fazer com que o analisando elabore todas essas emoções internas, formulando as sua própria linha de pensamento, através do conhecimento de si mesmo.
Estar em Atendimento Clínico significa que você não está mais pensando sozinho. Estar em Terapia significa “pensar junto” – você e o analista.
Quando você está pensando sozinho, a chance de fantasiar uma realidade é muito grande e sua conseqüência pode se tornar fatal. Mas quando se está pensando junto, torna-se muito mais pleno o caminho para a elaboração dos conflitos internos.
Evandro Rodrigo Tropéia / Instituto Freedom
Psicoterapeuta. CRP 06/143949
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
G. Jung. A prática da psicoterapia. 2015.
CUNHA, Jurema Alcides – Psicodiagnóstico V – 2000 – Carvalho (1955) – O Contato.
HANS DIECKMAN, Berlim (Revista de Psicologia Analítica – Vol III, nº 1 – Março 1972) – trad. Denise Mathias e João Bezinelli
KINNOM, Mac. MICHELS, R. A entrevista psiquiátrica na prática clínica. 1971.