Os contos de fadas são recheados de figuras mágicas, e personagens da realeza, bem como pessoas da realeza como reis, rainhas, princesas e príncipes. Neste contexto, o Rei desempenha um papel central nas histórias, representando uma figura de destaque na sociedade e sendo associado ao conceito de Self.
O Rei como Manifestação Divina e Centro Regulador da Psique
O rei é uma figura de grande destaque na sociedade. Nos tempos mais antigos era considerado a manifestação de Deus na Terra. Psicologicamente sua figura pode ser associada a imagem do Self, aquele centro regulador da psique que se torna uma representação da atitude coletiva nos contos de fadas.
Von Franz (2005) diz que o rei incorpora um princípio divino, do qual depende o bem-estar físico e psíquico de toda a nação. É o princípio divino na sua forma mais visível, é sua encarnação e sua moradia.
Está gostando do nosso conteúdo sobre Contos de Fadas? Então clique aqui e baixe o nosso E-book “A Interpretação dos Contos de Fadas”, aprenda tudo sobre esse universo, e veja como ilustrar as situações da sua vida através dos Contos de Fadas.
Renovação do Rei e a Dinâmica do Self
Dessa forma observando a figura do rei podemos tirar alguns aprendizados sobre o Self e como a consciência coletiva (e individual) funciona mediante esse centro regulador. Associar o rei ao Self faz sentido, pois no nível individual é desse centro regulador que depende todo o bem estar psíquico do individuo.
O centro da psique, representado pelo Rei, não é estático, mas passa por constante renovação. Compreender e assimilar esse centro regulador é fundamental para evitar que a vida coletiva e individual se torne vazia e sem sentido. É necessário cultivar a flexibilidade e a disposição para rever nossas crenças e cursos de ação, permitindo o surgimento de novas perspectivas e possibilidades.
Se transportarmos isso para o estudo das religiões a tendência dos rituais ou dogmas religiosos a tornarem-se superados depois de um tempo, a perderem seu impacto emotivo original, tornando-se fórmulas mortas. Embora adquiram qualidades positivas da consciência, como a continuidade, eles perdem o contato com a corrente irracional da vida e tendem a tornar-se mecânicos (Von Franz, 2005).
Isso vale para doutrinas religiosas e sistemas políticos que com o tempo se tornam obsoletos. Mas também para tudo em nossa vida. Quando nos tornamos conscientes de algo aquilo nos enche de vida e traz sentido a ela, no entanto quando algo fica consciente muito tempo e não nos renovamos esse conteúdo se petrifica e a vida se torna enfadonha.
Podemos então concluir que esse centro da psique não é estático e se renova constantemente. Ele precisa ser compreendido e assimilado para que nossa vida coletiva e individual não se torne uma formula morta e sem sentido.
Resistência à Mudança e a Unilateralidade do Ego
Entretanto em alguns contos de fadas o rei se nega a ser substituídos. Por exemplo, no conto de fadas O velho Rinkrank, dos irmãos Grimm, o rei manda construir uma armadilha contra os pretendentes a mão de sua filha, tentando evitar que o futuro genro assuma seu lugar.
No nível pessoal é possível observar que o ego, centro da consciência, possui uma tendência em se tornar unilateral. A consciência adora ter o poder, e sair desse estado é muito difícil e doloroso, mesmo que isso cause uma neurose no individuo.
Por esse motivo muitas pessoas relutam em fazer psicoterapia, ou desistem no meio do caminho, pois o ego deve abrir mão do controle e deixar que novas possibilidades surjam.
Muitas preferem se manter na unilateralidade e na neurose. É uma zona de conforto! Realmente fazer analise é um ato heróico. Em termos coletivos vemos o quão difícil é a aceitação de algo novo por parte da consciência coletiva.
Mas se quisermos evoluir e não nos tornarmos doentes precisamos lembrar que aquilo que um dia foi um bom remédio e algo excelente acaba se tornando destrutivo com o tempo. Perseverar em um curso de ação é bom até um determinado momento, por isso precisamos desenvolver uma flexibilidade e aceitar que possivelmente, em algum momento teremos que rever esse curso de ação e buscar um novo.
Bibliografia
VON FRANZ, M. L. A interpretação dos contos de fada. 5 ed. Paulus. São Paulo: 2005.
________________ Animus e Anima nos contos de fada. Verus. Campinas: 2010.
Gostou do nosso conteúdo sobre Contos de Fadas? Então clique aqui e baixe o nosso E-book “A Interpretação dos Contos de Fadas”, aprenda tudo sobre esse universo, e veja como ilustrar as situações da sua vida através dos Contos de Fadas.