O que é a Psicanálise?
A Psicanálise é um método de investigação psíquica, baseada num arcabouço teórico próprio, desenvolvido a partir da experiência clínica. Ela serve para o tratamento do mal-estar humano.
Hoje temos à nossa disposição inúmeros artigos que podem nos dar respostas sobre tudo, inclusive ampliar bastante a descrição sintética feita acima sobre ‘o que é a psicanálise’.
Se quisermos saber sobre determinado conceito, temos artigos que explicam de um jeito mais informal. Ou trabalhos acadêmicos que mostram como o conceito foi construído. E ainda, infográficos que os ilustram. Sem falar nos vídeos-aula, que também abordam diversos temas.
Além disso, inúmeras correntes terapêuticas, além da psicanálise, também tentam dar conta do mal-estar humano, que insiste em nos causar angústias por diversos motivos e situações.
Princípios teóricos da psicanálise
Viver nunca foi fácil. Nenhum ser humano nasce com manual de instrução. Ninguém vem ao mundo pronto, é preciso se constituir. E é aqui que a Psicanálise entra, na construção dos sujeitos, na abertura do campo discursivo para que se possa falar de si mesmo, levantar hipóteses e se reconhecer como quem se é. É na psicanálise que podemos falar de nós, largando o ‘estar certo’ no mundo e encontrando o ‘ser verdadeiro’ sobre si mesmo.
A Psicanálise surge com Freud, no final do século XIX, momento cultural em que a repressão era muito forte na sociedade européia. Nesta época, as mulheres, em sua maioria, sofriam de angústias as mais diversas, e não encontravam um meio de verbalizá-las. Com isso, passavam a apresentar males, adoeciam gravemente.
Métodos psicanalíticos
Diante de tal desafio, o médico vienense subverte os tratamentos convencionais e passa a investigar e tratar seus pacientes através da chamada ‘cura pela fala’.
Muito tempo se passou, mas a psicanálise conserva seu método de conduta clínica, a chamada ‘associação livre’. O processo investigativo leva o paciente a abrir-se a um campo discursivo que estava limitado. Mais do que uma conversa, o processo analítico pede a escuta especial que permite não apenas que se possa dizer tudo que vier à cabeça sem censura, mas também que os efeitos dessa fala reorganizem subjetivamente aquele paciente.
O que acontece entre duas pessoas num setting analítico é praticamente impossível de se reproduzir, pois a experiência conta com a já citada escuta flutuante, e principalmente com o dispositivo fundamental do processo, a chamada transferência.
A transferência é um efeito entre a dupla analista / analisante que se instaura a partir das entrevistas preliminares, ou seja, as primeiras sessões. Caso a transferência não aconteça, muito provavelmente aquele processo não se desenvolverá, pois a fala que é emitida não encontra a escuta que lhe parece necessária.
Essa condição essencial para o tratamento não é algo que se faça de forma calculada, ou ela acontece, ou não. E, tudo isso se passa no inconsciente, que é um elemento próprio da condição psicanalítica.
O papel do inconsciente
O inconsciente é um campo da mente em que temos parte do funcionamento psíquico. Como o próprio nome diz, não sabemos, ou provamos, a existência do Inconsciente, mas temos notícias dele através dos seus efeitos.
Para a psicanálise, o Inconsciente se manifesta de forma inesperada, especialmente nos processos de linguagem, tais como atos falhos, lapsos, ditos espirituosos, e também nos sonhos e nos sintomas que nos causam os males da alma.
Através do que se diz e do que se ouve, é possível permitir que se perceba aquilo que estava reprimido no campo inconsciente e elaborar aspectos antigos que, por não terem o devido destino, ficam insistindo em afetar a nossa vida.
Desde a invenção da psicanálise, temos um espaço único para dar conta das questões humanas. Saber de si é a melhor forma de não adoecer.
Simone de Paula
Psicanalista