Quero propor ao(a) leitor(a) a reflexão sobre uma temática de extrema importância. O mês de Setembro é dedicado à campanha de prevenção ao suicídio, denominado como Setembro Amarelo. A cor amarela simboliza a Luz, o Calor, a descontração, o otimismo e a alegria, elementos que surgem como opostos à escuridão, a tristeza e a morte.
A Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP, em parceria com o Conselho Federal de Medicina – CFM, organiza nacionalmente o Setembro Amarelo, desde o ano de 2014. O dia 10 deste mês é, oficialmente, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, mas a campanha acontece durante todo o ano.
Segundo o site oficial da campanha, são registrados mais de 13 mil suicídios todos os anos no Brasil e mais de 01 milhão no mundo. Trata-se de uma triste realidade, que registra cada vez mais casos, principalmente entre os jovens. Cerca de 96,8% dos casos de suicídio estavam relacionados a transtornos mentais. Em primeiro lugar está a depressão, seguida do transtorno bipolar e abuso de substâncias.
O Termo Suicídio significa o ato ou efeito de suicidar-se, configura-se no ato de interromper a própria vida, utilizando um termo pejorativo, se compromete a causar a morte de si mesmo, a própria desgraça e ruína.
A pessoa que manifesta o desejo de morte, a ideação suicida, carrega em si um estado de sofrimento muito intenso, que está lhe causando um sentimento de extrema dor e angústia suprema. Neste estado, a pessoa se denomina estar no fundo do poço e vive a impressão de não conseguir enxergar a luz no fim do túnel.
É preciso que seja quebrada uma série de paradigmas criados pelo senso comum em relação ao tema suicídio. É muito importante compreendermos que o conhecimento é uma ferramenta fundamental como medida de compreensão do problema e principalmente na prevenção.
De acordo com o pensamento proposto por Carl Gustav Jung (1932) nada seria mais estéril do que subordinar o mundo todo a uma opinião psicológica. Toda teorização é ridícula. Tudo depende de como tratamos o doente como pessoa.
Não podemos nos deixar levar por mitos que são compreendidos como verdade absoluta por nossa sociedade extremamente julgadora. Citarei abaixo alguns mitos:
- Quem fala, não faz!
Quem fala, faz sim! É fundamental estar atento aos sinais, as falas e principalmente a mudança repentina de comportamento.
Cuidado com a ideia de que a pessoa está fazendo drama ou só está querendo chamar atenção.
- Falar sobre o suicídio induz a pessoa a se matar.
Pelo contrário, é muito importante falarmos abertamente sobre o assunto, pois falar sobre o problema é fundamental para a solução do mesmo.
- Criança não se mata!
Sofrimento não escolhe idade, raça, cor, orientação sexual, religião e etc. Todos nós temos sofrimentos e passamos pela angústia.
- Quem pensa em se matar, fica triste o tempo todo.
Nem sempre! Estar triste ou até mesmo depressivo não significa necessariamente que a pessoa está idealizando um suicídio.
- Pessoas inteligentes não se matam!
O sofrimento que carregamos em nosso interior não se mede através de diplomas e de conhecimentos científicos.
- Quando uma pessoa sobrevive a uma tentativa de suicídio é sinal que vai ficar tudo bem.
Infelizmente, não é bem assim! Quem tentou uma vez poderá tentar novamente.
Segundo Carl Gustav Jung (1946), o suicídio, por mais compreensível que seja humanamente, não me parece recomendável. Enquanto a vida for possível, ainda que num grau mínimo, devemos agarrar-nos a ela e esgotá-la com vistas à conscientização. Interromper a vida antes do tempo é paralisar uma experiência que em nós não iniciamos.
Não devemos julgar ninguém e muito menos padronizar sentimentos, pois cada um de nós possuímos uma história de vida. Não sabemos de fato, o tamanho do sofrimento que o outro carrega dentro de si mesmo.
Jung em sua obra “A Prática da Psicoterapia”, afirma que o sapato que serve num pé, aperta no outro, e não existe uma receita de vida válida para todo mundo. Cada qual tem sua forma de vida dentro de si, sua forma irracional, que não pode ser suplantada por outra qualquer.
Evandro Rodrigo Tropéia / Instituto Freedom
Psicoterapeuta. CRP: 06/143949
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
G. Jung. A prática da Psicoterapia. Ano 2018. Parágrafo 81
G. Jung. Cartas. Volume 1. Página 128. Ano 193
G. Jung. Cartas. Volume 2. Página 39. Ano 1946
https://www.setembroamarelo.com/