“Não adianta desejar eliminar uma assombração sem antes não aprendermos como lidar com ela”.
(Evandro Rodrigo Tropéia, Psicoterapeuta).
A Mente humana carrega em si suas complexidades. A partir daí surge a extrema necessidade do aprendizado. É preciso aprender a lidar com as complexidades que norteiam nossa vida e estão alojadas internamente em nossa psique. Mas, o que são essas complexidades?
Podemos comparar a mente humana com uma casa mal assombrada, ou seja, repleta de mistérios mergulhados num espaço obscuro. Essas complexidades são nada mais que as nossas assombrações individuais. São fantasmas que rondam a nossa casa interior, isto é, a nossa mente.
Conforme os apontamentos de Hollis (2010), lidar com as complexidades, na maioria das vezes, é lidar com aquilo que nos é desconhecido. Lutar contra essas assombrações é um processo extremamente doloroso, pois é preciso confrontar o que é totalmente inevitável. E, por este motivo, não há como fugir e nem ao menos se esquivar. Nos dias atuais, são diversos os fantasmas com os quais temos de confrontar, tais como a depressão, a ansiedade, a angústia, o medo, a mágoa, o ressentimento, os traumas do passado, os pensamentos acelerados e os sentimentos de fracasso.
Perceba que todas estas assombrações citadas no parágrafo anterior estão ligadas ao ato de aprender. É preciso aprender a lidar com aquilo que nos assombra. O aprendizado é a melhor forma de confrontar nossos fantasmas interiores. Todos estes fantasmas carregam em sua essência algo muito valioso para nos ensinar a respeito de nosso próprio eu.
Carl Gustav Jung (1875-1961), certa vez, afirmou que quando a depressão vier bater em nossa porta, é preciso permitir que ela entre e se acomode, para que assim, possamos ouvir o que ela tanto quer nos dizer. Portanto, me permito deixar registrado neste artigo o seguinte apontamento: Não adianta desejar eliminar uma assombração sem antes não aprendermos como lidar com ela.
De acordo com o terapeuta analítico e cofundador do Instituto C. G. Jung da Filadélfia, James Hollis (2010), todos nós temos complexos porque temos uma história, e a história abastece a nossa vida psíquica com aglomerados energéticos de valência. Segundo ele, alguns complexos carregam um papel benigno e protetor em nossas vidas. E assim, é importantíssimo termos uma considerável experiência com eles.
Outro aspecto fundamental da experiência do aprendizado é a importância de desenterrar os fantasmas em nós, evitando ao máximo reprimi-los e impedi-los de se manifestar. Carl Gustav Jung (2009) afirma que todos nós temos um segredo patológico assustador, constrangedor e humilhante, que se poderia ocultar a todo o custo. No entanto, Jung defende a tese de que enquanto estes segredos permanecerem enterrados em nós, eles continuarão a liberar suas toxinas invisíveis e inconscientes, e assim, permanecerão exercendo grande influência em nosso comportamento consciente. Para que sejam dissipados todos os fantasmas que nos assombram e dirigem nossas vidas, é preciso, antes de tudo, torná-los conscientes, trazendo cada um deles a nosso favor e aprender de “coração aberto” tudo o que eles têm para nos ensinar.
Jung (2009), afirmou que a psicoterapia é a ferramenta fundamental que nos auxilia no período de aprendizado. A figura do Psicoterapeuta nos remete ao mentor que nos aponta o caminho. A terapia psicológica nos ajuda na difícil tarefa de desenterrar os fantasmas que carregamos dentro de nós mesmos. É importante ressaltar que o ato de desenterrar os fantasmas e aprender com eles é um processo muito particular. Trata-se de um processo subjetivo. Portanto, o psicoterapeuta não tem a função de desenterrar os fantasmas de seus pacientes, e sim orientá-los no processo. Confrontar e aprender com as Assombrações cotidianas de nossa mente é um ato de decisão e de coragem. Domine seus medos, desenvolva sua coragem e tome a sua decisão.
Encontre o seu caminho, busque sempre pelo equilíbrio.
Faça Psicoterapia!
Evandro Rodrigo Tropéia / Instituto Freedom
Psicoterapeuta CRP: 06/143949
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
JUNG, C. G. A Prática da Psicoterapia. 12. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.
Sobre fantasmas e assombrações. Ide (São Paulo) [online]. 2018, vol.40, n.66, pp. 193-197. ISSN 0101-3106.
Hollis, James. Assombrações. Dissipando os fantasmas que dirigem nossas vidas. Coleção Amor e Psique, 2010