O mistério e a magia da capacidade de desenhar parece ser, pelo menos em parte, a capacidade de efetuar uma mudança no estado cerebral na direção de uma diferente modalidade de ver e perceber.
(EDWARDS,1984,p.14)
O ser humano, desde os primórdios de sua história no planeta, desenha. Antes da linguagem oral se desenvolver como meio de comunicação e interação, o desenho era a ponte para que os homens representassem ações e sentimento. Na Arteterapia, a técnica do desenho é de grande relevância, pois permite ao indivíduo mergulhar em conteúdo, legado de sua infância, e a conectar-se com a criança interior, promovendo sua libertação ou cura.
… O desenho é um recurso projetivo poderoso, pois por intermédio dele, existe a possibilidade de registrar imagens simbólicas por meio de limites das linhas, da relação entre forma e conteúdo, da proporção, do enquadramento etc. (SEIXAS,2012, p.84)
O terapeuta deve atentar para a dificuldade que seu cliente ou paciente pode manifestar ao lhe ser solicitado o desenho, oriunda de críticas externas que sofreu quando criança em suas manifestações plásticas. Caso essa situação ocorra, o papel do arteterapeuta é o de acolher, tranquilizar e incentivar o indivíduo, mostrando que o BELO está na representação de seu momento, na expressão de seu sentimento, portanto na arte de ser.
O traço conta uma história, a nossa história, e isso acontece sempre que o desenho não é oferecido como desafio, mas como recurso de autoexpressão. (SEIXAS,2012, p.84)
A confecção e os detalhes do desenho são influenciados pelo material utilizado ao criá-lo. Assim, ele pode ser produzido por lápis de cor, giz de cera, pastel seco ou oleoso, carvão, canta hidrográfica, grafite ou nanquim.
O lápis de cor permite o traço mais fino e é um excelente indicativo de estados motores e ou estados de tensões endógenas. (URRTIGARY,2003,p.54).
O giz de cera é de fácil manuseio, de controle do traço, permitindo a expressão de concretitude e de defesas pessoais. É muito útil para mostrar impulsos agressivos e a flexibilidade dependendo da intenção da pessoa.
A caneta hidrográfica também oferece duas possibilidades: de um lado, promove a expansão de sentimentos e impulsos; do outro, o controle de sua expressão.
O material possibilita que projeções possam ser liberadas sem restrições, por ser um material que flui, sem deixar que escorra pelos dedos os conteúdos surgidos. A possibilidade de ressaltá-los, de dar- lhes contornos definidos, assim como também de escondê-los usando cores mais fortes sobre as mais fracas, ou de produzir efeitos caóticos, fornecem ao terapeuta excelentes indicativos dos processos psíquicos em atuação. (URRTIGARY,2003,p.54).
25Bibliografia
SEIXAS, Larissa Martins in Diálogos criativos entre Arteterapia e a Psicologia Junguiana. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2012. p.84
URRTIGARY, Maria Cristina. Arteterapia: a transformação pessoal pelas imagens. Rio de Janeiro: WAK,2003.p.54
Texto escrito por Maria da Graça para o Instituto Freedom