A palavra mandala vem do sânscrito e significa círculo. O círculo é um símbolo muito presente na natureza, como por exemplo, nas flores, nos astros, nas frutas, nos ninhos de pássaros e nos olhos. Também o observamos em construções humanas: engrenagens, rodas, moinhos, relógios etc. O ponto principal da mandala é o seu centro que representa a origem e a essência de tudo que há no Cosmos. O espaço interior é sagrado e o que está fora desse espaço é profano. A linha circular é o limite entre o divino e o mundano, entre a consciência e a inconsciência, entre a alma e a matéria. Ao desenhar ou construir uma mandala, cria-se algo sagrado e mesmo que o criador não tenha consciência disso, ele coloca em sua criação elementos simbólicos ancestrais (FIORAVANTI, 2017).
Segundo Santesso (2015, p.146), “as mandalas em geral são em forma de círculo e este é um dos símbolos de maior representatividade e de maior poder de significação, sendo associado ao Sol que é a fonte da vida, da luz e do calor”.
Desde os primórdios da civilização, os homens têm expressado os seus desejos e temores por meio da arte. Jung, ao estudar as diversas culturas, fez relações entre o inconsciente individual e o inconsciente coletivo, deixando uma rica contribuição para o estudo do ser e de suas manifestações artísticas.
Nise da Silveira, psiquiatra brasileira, criou em 1946, no Centro Psiquiátrico D. Pedro II, a Seção de Terapia Ocupacional, onde eram estimuladas várias expressões artísticas. Identificada com a Psicologia Junguiana, estudou a pintura de mandalas dos seus pacientes e, após trocas de cartas com Jung, encontrou-se com ele em abril de 1957, em Zurique, levando as pinturas e modelagens de vários autores para apresentá-las na exposição de produções plásticas de esquizofrênicos.
Quando o indivíduo constrói uma mandala, sente a energia das cores e das formas, lidando com os seus sentimentos, emoções, sombras e conflitos. Por isso, a mandala é muito utilizada na Arteterapia, ajudando na organização mental e no autoconhecimento.
De acordo com Chiesa (2012, p. 70), o processo de transformação da mandala é o que “amplia a consciência no diálogo do mundo externo (círculo) com o interno (centro). No centro, está o ponto que não tem forma, existe só em potência, assim como a semente que contém o todo”. As mandalas podem ser trabalhadas de diversas formas na Arteterapia: pintando uma mandala pronta ou desenhando e construindo-a de diversas formas. É possível usar materiais variados como sementes, frutas, giz de cera derretido, giz colorido, além de fazer construções com algo que lembre formas circulares como o olho de Deus e filtro dos sonhos. As transformações que as mandalas vão realizando ao longo do processo arteterapêutico são evidentes, pois os atendidos ficam mais centrados nos seus objetivos e conscientes do seu próprio poder de transformação.
Referências Bibliográficas
CARNEIRO, Celeste. Arte, Neurociência e Transcendência. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2010.
CHIESA, Regina. Mandalas: construindo caminhos: um processo arteterapêutico. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2012.
FIORAVANTI, Celina. Mandalas: como usar a energia dos desenhos sagrados. São Paulo: Pensamento, 2017.
SANTESSO, Wilma. Técnicas de oficinas expressivas: a arte como forma de ressignificação. São Paulo: edição do autor, 2015.
SILVEIRA, Nise. Imagens do Inconsciente. Petrópolis: Vozes, 2015.
Texto escrito por Fátima Mattiolo para o Instituto Freedom
Arteterapeuta – AATESP nº 513/0719