As bonecas Matryoshkas, são consideradas um símbolo russo, tradicionalmente feitas de madeira, pintadas à mão e caracterizadas por abrirem ao meio e conterem outras dentro. As mais tradicionais podem conter dezenas, uma dentro da outra, a cada nova que se abre, uma nova descoberta. Seu no00me tem radical na palavra mater, de onde deriva mãe e à primeira vista poderíamos ficar apenas com essa simbologia.
Mas é incrível como um único símbolo pode carregar tantas possibilidades no trabalho arteterapêutico, na forma de trabalhar e pensar o fazer artístico.
As Matryoshkas, constituem um arquétipo que despertam uma série de ideias e possibilidades no desenvolvimento de oficinas, atendimentos e aspectos a serem abordados, senão vejamos apenas algumas dessas possibilidades:
Com elas podemos desenvolver a ideia da maternidade, daquela que gera seja uma vida, um projeto; daquela que sendo uma matriz pode gerar descendentes.
Também a ideia de ancestralidade, como símbolo de geração após geração, uma dentro da outra que forma o todo, o que possibilita trabalhar com o passado que muitas vezes buscamos nos reconciliar.
Carrega a ideia de proteção, mostrando que o menor será protegido pelo maior e assim sucessivamente, podendo ser utilizada no trabalho com crianças/irmãos, famílias, na educação dentro das escolas mostrando o convívio pacífico entre os alunos, ou mesmo em processos de constelação familiar, onde cada um tem seu espaço e hierarquia.
Outra ideia é a do segredo, onde numa peça perfeitamente pintada e quase hermeticamente fechada, outras permanecem em segredo, lembrando um resgate a nossa intuição, à sabedoria que é guardada no interior de cada ser ainda que escondida.
São tantas possibilidades, que com certeza que ler este texto se lembrará de outras, mas a que foco aqui é a de estarmos atentos, neste caso falamos de uma boneca, mas isso ocorre o tempo todo em nossas vidas, e com muitos outros objetos, basta estar receptivos a ampliar nosso olhar. Como arteterapeutas esse exercício é uma forma de não ficarmos presos a apenas um ou dois significados ou possibilidades, a criatividade é nossa força motora e com ela abrimos o leque de possibilidades no pensar e no fazer artístico de forma ampla e saudável.
Bibliografia: Esteves, Heloísa Monteiro de Moura, Oráculo das Matryoshkas, 2016
Texto escrito por Camila Dimitrov, AATESP: 480/0119, para o Instituto Freedom.