Os exercícios de relaxamento são muito importantes no processo arteterapêutico, pois auxiliam a desacelerar, a soltar a musculatura e assim contribuir para uma maior concentração nas sessões.
De acordo com Philippini (2018, p. 130), “a primeira efetiva prescrição é concentrar-se na respiração, que deve ser desafiada a ficar mais lenta e mais profunda”. Alguns recursos como imaginação ativa e automassagem também auxiliam nesse processo. Além disso, experimentações com diferentes texturas podem ativar o universo sensorial e ajudar a desacelerar.
Porém, o trabalho corporal pode ir além do relaxamento. Segundo Leloup (2015, p. 15), “o corpo é nossa memória mais arcaica. Nele, nada é esquecido. Cada acontecimento vivido, particularmente na primeira infância e também na vida adulta, deixa no corpo sua marca profunda”.
Irene Gaeta Arcuri criou o termo Técnicas Expressivas Coligadas ao Trabalho Corporal para designar os procedimentos em que se utilizam trabalhos corporais com uma transição para a arte. Arcuri usa a calatonia que consiste em uma “técnica de relaxamento que pode possibilitar o emergir de imagens, tornando o indivíduo espectador de suas vivências internas” (ARCURI, 2006, p. 30). As atividades artísticas que são realizadas depois da calatonia potencializam a criatividade, possibilitando a reconciliação de conflitos emocionais. Dessa forma, o desenvolvimento da criatividade conduz a novos significados das experiências vividas. A Arteterapia, as técnicas expressivas e a calatonia ajudam na expansão da consciência e, consequentemente, provocam uma mudança da visão de mundo, não só do mundo externo, mas também interno, impulsionando novas atitudes perante a vida. Conforme aprende-se a interpretar os símbolos que surgem por meio dessas técnicas, adquire-se a capacidade de perceber a ação inconsciente dentro de cada um e as imagens simbólicas do inconsciente (ARCURI, 2006).
Pintar, desenhar, modelar, colar e escrever fazem parte do processo arteterapêutico, mas o movimento não poderia deixar de estar presente, afinal, o grande protagonista é o corpo. É dele que saem todas as atividades expressivas, a começar pelo pensamento, uma fagulha de criatividade que vai dando corpo ao trabalho em desenvolvimento, trabalho este que é feito de corpo e alma.
Texto escrito por Fátima Matiollo para o Instituto Freedom
Registro na AATESP: 513/0719
Referências Bibliográficas
ARCURI, Irene Gaeta. Arteterapia e o corpo secreto: técnicas expressivas coligadas ao trabalho corporal. São Paulo: Vetor, 2006.
LELOUP, Jean-Yves. O corpo e seus símbolos: uma antropologia essencial.
23.ed. Petrópolis: Vozes, 2015.
PHILIPPINI, Angela. Linguagens e materiais expressivos em arteterapia: uso, indicações e propriedades. 2. ed. Rio de Janeiro: Wak, 2018.
3 comentários
Excelente texto, Fátima, parabéns! Amei!
Obrigada por seu comentário, Ana
Parabéns pelo texto.agregoy conhecimento.gratidao