Nise da Silveira deixou seu legado ao implementar atividades artísticas como forma de tratamento para pacientes internados no hospital psiquiátrico de Engenho de Dentro e desde esse dia, os estudos entre arte e cura se aprofundaram ainda mais.
O que é a cura?
Nele, nada é esquecido. Cada acontecimento vivido, particularmente na primeira infância e também na vida adulta, deixa no corpo sua marca profunda”. Esses sinais ou feridas que não foram cicatrizadas dão origem a doenças psicossomáticas e todo sintoma é um sinal de alerta, um desequilíbrio.
Segundo Diniz (2018, p.60), pode-se entender o “sintoma físico como um símbolo que expressa uma dissociação e revela um caminho; um apelo do inconsciente que se manifesta corporalmente, abrindo uma possibilidade de resgate”.
A psicologia e a arte
Ao levar para o consciente os conteúdos inconscientes que estão na mente e no corpo, consegue-se uma vida saudável. Jung descreveu vários métodos de amplificação como forma de operar a transição entre conteúdos inconscientes e sintomas orgânicos para o plano consciente.
Como o símbolo é portador de sentido e transformador da psique, no processo arteterapêutico, busca-se a compreensão dos significados da produção simbólica. Cada símbolo produzido nas sessões de arteterapia poderá ser compreendido simultaneamente em relação ao seu criador, nas suas ressonâncias subjetivas e biográficas, em seus aspectos universais e arquetípicos (PHILLIPINI, 2018).
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Arte como instrumento
A arteterapia, ao integrar linguagens plásticas e materiais expressivos diversos, pode oferecer um processo de amplificação simbólica bem desenvolvido. Para Diniz (2018, p. 61):
Recursos como imaginação ativa, pintura, argila, desenho, entre outros, possibilitam a mobilização da energia por meio de uma forma simbólica – e, à medida que a energia toma forma e se expressa, vai propiciando a visualização dos símbolos e facilitando sua elaboração.
Uma atividade que pode ser realizada durante as sessões, após um relaxamento, é pedir ao atendido que sinta o seu sintoma e converse com ele, tentando identificar qual a mensagem que ele está transmitindo. Em seguida, solicita- se a criação de uma imagem para o sintoma e uma escrita criativa.
Assim, a doença pode direcionar o indivíduo para um novo caminho que, por sua vez, o levará a uma vida mais saudável. E a Arteterapia oferece inúmeros recursos que propiciam descobertas e ressignificações.
Referências Bibliográficas
ARCURI, Irene Gaeta. Arteterapia e o corpo secreto: técnicas expressivas coligadas ao trabalho corporal. São Paulo: Vetor, 2006.
DINIZ, Lígia. Arte: linguagem da alma: arteterapia e psicologia junguiana. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2018.
LELOUP, Jean-Yves. O corpo e seus símbolos: uma antropologia essencial.
23.ed. Petrópolis: Vozes, 2015.
PHILIPPINI, Angela. Linguagens e materiais expressivos em arteterapia: uso, indicações e propriedades. 2. ed. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2018.
RIBEIRO M. D. A. R.; OLIVEIRA S. B; FIGUEIRAS M. C. Pós-alta em hanseníase: uma revisão sobre qualidade de vida e conceito de cura. Santa Maria, Vol 41, 2015.
Texto escrito por Fátima Matiollo para o Instituto Freedom.
Arteterapeuta AATESP nº 513/0719