Em tempos mais difíceis para a humanidade, como o que estamos atravessando agora em todo o mundo, faz sentido pensar sobre as forças que regem a natureza e o comportamento humano.
Muitas pessoas estão sendo colocadas à prova nesse momento, seja por ter que lidar com dificuldades como inseguranças, medos, saúde. Também as próprias dificuldades externas que se apresentam como incertezas, necessidades de reavaliar os planos, mudanças de rumo, obrigações, convivências difíceis, entre tantas outras questões.
Pensando sobre essas forças que orientam a natureza humana, encontramos a visão de Jung que propõe uma abordagem da totalidade da existência. Essa visão que abrange diferentes dimensões do ser humano leva em consideração em como o grau de importância dessas forças pode variar. A variação desse investimento de energia tem relação com a estrutura do indivíduo, sua história particular, a constituição física, a família, a cultura, seus ancestrais, o meio social, o tipo psicológico do indivíduo também influencia para afirmarmos que uma ou outra força seria mais atuante, teria mais enfoque na vida do indivíduo.
Podemos chamar essas forças de instintos e impulsos. Encontramos os impulsos instintivos que são voltados para a sexualidade, preservação da espécie, fome e necessidade de nutrição. Há os impulsos voltados para experiências espirituais. Também há o instinto de dominação, poder e o mais forte, segundo Jung, seria o impulso para a individuação.
De acordo com Von Franz (2018, p. 17)
…há também impulsos espirituais no inconsciente. Mas, mesmo se você considerar apenas o plano dos instintos, simplesmente a fome e a necessidade de nutrição são, segundo Jung, certamente muito mais primordiais do que a sexualidade. Entre os primitivos, ou seja, o homem natural que vive na natureza, 80% do conteúdo das conversas gira em torno da comida, e não em torno de mulheres. Eles não têm inibição, não são pudicos, mas a comida é o que se revela um problema, e que logo se tornará um problema de novo. Não se falará mais de sexo com a superpopulação que temos! Ah! Há ainda o instinto de dominação de Adler a salientar, sabe-se que o instinto de poder, o impulso de dominação, o poder, é um fato importante. […] Há ainda, para Jung, o impulso da individuação, de se tornar você mesmo, que é mesmo mais marcante do que todos os outros. O impulso mais forte é a necessidade de se tornar aquilo que se é. Além de tudo, cada planta, cada árvore quer ser ela mesma, para falar poeticamente. A totalidade dos instintos de uma raposa é ser uma raposa e viver a vida de uma raposa; e o homem deve ser homem na sua totalidade.
E você, quais forças, impulsos, instintos você tem observado mais nas outras pessoas e em você mesmo?
Referência Bibliográfica
FRANZ, Marie-Louise von. A Busca do Sentido: entrevistas radiofônicas. Coleção Amor e Psique.Trad. Nancy Donnabella, Inácio Cunha – São Paulo: Paulus, 2018.
Texto: Alessandra M. Esquillaro – CRP 06/97347