O inconsciente na psicologia junguiana: camadas da psique humana
O inconsciente na psicologia junguiana é um conceito fundamental para entender a psique humana. Carl Gustav Jung (1875–1961) acreditava que a fixação de limites no campo da consciência humana é impossível de ser consumada. Para Jung, a consciência atinge apenas uma parte do que chamamos de “universo desconhecido”, que inclui o inconsciente.
O inconsciente: uma força criativa
Jung propõe que o inconsciente se divide em dois grupos principais:
- Inconsciente do mundo externo;
- Inconsciente do mundo interno, também conhecido como inconsciente pessoal.
O inconsciente pessoal, segundo Jung, é o aspecto da psique humana que contém tudo o que foi reprimido ou esquecido. Esse material, que anteriormente foi consciente, foi transferido para o inconsciente porque o ego não conseguiu lidar com ele de maneira eficaz.
A distinção entre inconsciente pessoal e coletivo
Jung divide o inconsciente em duas camadas fundamentais:
- Inconsciente Pessoal: Ele funciona como um reservatório de conteúdos que foram conscientes, mas foram reprimidos ou esquecidos. Este nível da psique é comparável a um receptor, que recebe todo o material psicológico que não consegue se integrar ao processo de individuação.
- Inconsciente Coletivo: Esta camada, mais profunda, consiste na herança psíquica da humanidade. Jung acredita que, no inconsciente coletivo, os seres humanos compartilham experiências universais, como os arquétipos, que transcendem as experiências individuais.
O papel do inconsciente na psicologia analítica
O inconsciente na psicologia junguiana não é apenas uma “ausência de consciência”, mas uma força criativa que atua na formação da consciência. Jung defende que é o inconsciente que cria o consciente, sendo, portanto, a “mãe da consciência”. Ao mergulharmos no inconsciente, podemos acessar as raízes mais profundas da psique e entender melhor nossos padrões e comportamentos.
Esse processo de descoberta é essencial na psicoterapia analítica. Como afirma James Hollis (1998), ao entrar em psicoterapia, não estamos apenas lidando com o que é visível e tangível, mas com o desconhecido que reside nas profundezas da nossa psique.
A psicoterapia junguiana e a compreensão do inconsciente
O trabalho da psicologia analítica é explorar essas camadas profundas da psique, desvendando os mistérios da mente humana. Viviane Thibaudier (2014) aponta que os conteúdos originados do inconsciente, quando retornam ao campo da consciência, podem esclarecer as relações neuróticas que mantemos com o mundo externo.
Em última análise, a jornada de individuação, o processo de integração do inconsciente com a consciência, é central na psicologia junguiana. O inconsciente não apenas influencia nossas atitudes, mas também serve como a chave para nossa transformação e compreensão do mundo.
Texto Evandro Rodrigo Tropéia para o Instituto Freedom.
Referências Bibliográficas:
- HALL, C.S; Nordby, V.J. Introdução à Psicologia Junguiana. Ed. Cultrix, SP, 2003.
- JUNG, C. G. Memórias, Sonhos e Reflexões. Ed. Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 2016.
- THIBAUDIER, Viviane. Jung, o Médico da Alma. Coleção Amor e Psique. Ed. Paulus, 2014
- HOLLIS, James. Os pantanais da alma – Nova vida em lugares sombrios. Coleção Amor e Psique, Ed. Paulus. 1998
2 comentários
Queria saber como limpar o inconsciente. Por acaso, Jung deixou alguma dica para se fazer isso?
Olá Ian, tudo bem?
Para te responder de forma adequada, seria legal conversarmos mais profundamente sobre isso, mas de maneira geral, não é possível apagar os conteúdos do nosso inconsciente. Mas o que pode ser feito é, durante o atendimento com o psicólogo, levar esse conteúdo para a consciência, por meio de símbolos e sonhos. Essa ação faz com que estes conteúdos seja ressignificados.