A escultura é a arte de transformar a matéria bruta, que pode ser pedra, madeira, metal, argila, entre outras, em formas com significado. Estas formas são chamadas de espaciais, feitas em terceira dimensão. A produção tridimensional tem volume, altura e profundidade.
A escultura pode ser utilizada amplamente em Arteterapia por ser caracterizada pela expressão do artista. Uma peça é muito mais do que um objeto: retrata as emoções, pensamentos e ações de quem a produziu.
Pensar na execução de uma escultura pode trazer alguns detalhes que devem ser levados em conta no momento de escolher esta técnica no processo arteterapêutico.
A base. Normalmente a peça (ou objeto) necessitará de um local de apoio. Começar a escultura pela base, um local onde a produção ficará mais ou menos firme em sua estrutura de saída é o primeiro insight proporcionado ao cliente. A escultura é um processo estruturante.
O objeto. A execução do objeto em si deve ser o mais livre possível. Esta possibilidade aumenta se for dada ao cliente a autonomia para a escolha do material utilizado para “esculpir”.
Para o arteterapeuta a escolha do tridimensional deve ser “pensada”:
Promover o encontro com a escultura é interessante para pessoas que demonstram dificuldades na transição entre o “abstrato” e o concreto; o idealizar e o concretizar; o pensar e o fazer; “cabeça” e “mãos”. Para aqueles que se apresentam em um momento de vida ou necessidade de construir algo para (em) si Aos que diante do “criar” / realizar acionam diversas resistências, autossabotagens como preguiça, procrastinação, inseguranças, “travas”. (MORAES, 2019, p.73).
O tridimensional, modelagem ou escultura, deve ser apresentado e vivenciado nos processos arteterapêuticos onde o cliente já tenha vivenciado outras experiências para exteriorização de seus conteúdos, e tenha tido, inclusive, contato com o bidimensional.
A modelagem em Arteterapia só deve ser utilizada depois de algumas experiências no plano bidimensional, salvo em situações em que o cliente já inicie o processo trazendo experiencias, anteriores com a modelagem. Esta preocupação deve-se ao fato de que esta linguagem plástica oferece algumas dificuldades operacionais e inaugura experiências no campo da tridimensionalidade envolvendo desafios de organização espacial e capacidade de formar estruturas, e mantê-las em equilíbrio, além de intensificar a experiência com o tato, envolvendo sensações com texturas e relevos. (PHILIPPINI, 2013, p.72).
O princípio da escultura traz a oportunidade de se trabalhar os excessos. Para deixar o objeto que está sendo produzido e que é a expressão de sensações e sentimentos, adequado e “pronto”, o ato de esculpir traz o “esforço físico para retirada de excessos”.
E assim a construção da base, a retirada dos excessos, a observação criteriosa e cuidadosa para que se mantenha o objeto firme e em pé, são fortes analogias que podem e devem ser consideradas no uso da escultura na Arteterapia.
REFERÊNCIAS
MORAES, Eliana . Pensando a Arteterapia, volume 2, Divino de São Lourenco/ES, Semente Editorial, 2019.
PHILIPPINI, Angela. Linguagens e Materiais Expressivos em Arteterapia: uso, indicações e propriedades, Rio de Janeiro, WAK Editora, 2018.
Texto escrito por Silvia Quaresma Arteterapeuta AATESP 665/0720