Os contos de fadas, servem de estímulos geradores para a ativação de conteúdos psíquicos inconscientes, permitindo, assim, que possam ser trabalhados. Através do fazer artístico se promoverá uma transformação simbólica do mundo do indivíduo, propiciando uma melhor elaboração e compreensão de suas questões internas e, assim, ele poderá descobrir, através de sua criatividade e dos contos, “um caminho para o encontro de si-mesmo” (ibidem, p.119).
Na Arteterapia os contos de fadas, são muito utilizados pois apresentam diversos benefícios aos pacientes, pelo valor terapêutico, trazem em suas narrativas fenômenos universais como os arquétipos.
Os contos de fadas são histórias imaginárias, mas revelam muito a respeito da natureza humana através das representações arquetípicas.
As histórias, com suas narrativas ancestrais, aparentemente simples, nos fazem entrar em contato com uma parte mais profunda de nosso inconsciente e, a partir daí, através delas, podemos aprender a lidar com nossas emoções e, balsamicamente, desenvolver um outro olhar, uma percepção mais aguçada sobre algumas de nossas questões existenciais. O contato com essas histórias poderá possibilitar uma melhor elaboração destas questões. Poderá nos guiar dentro do labirinto, das nossas questões, até a saída.
Ciornai (2007) diz: “o terapeuta que se utiliza do contar histórias como recurso arteterapêutico, precisa saber usar seu conhecimento, intuição e sensibilidade para encontrar os contos que apropriadamente irão alimentar e estimular terrenos anímicos muitas vezes desnutridos” (p.10).
“Contos de fadas são a expressão mais pura e mais simples dos processos psíquicos do inconsciente coletivo. (…) Eles representam os arquétipos na sua forma mais simples, plena e concisa.” Cada arquétipo é um “sistema energético relativamente fechado, a veia pela qual correm todos os aspectos do inconsciente coletivo. (…) A energia psíquica de um ‘sistema’ particular de um arquétipo está em relação com todos os outros arquétipos” Von Franz (1990; p.9 – p. 11)
Cada conto, tem um caminho a percorrem em cada paciente. O mesmo conto pode ser trabalhado em apenas uma sessão com um paciente, e com outro, em mais de uma. Isso não importa. O que importa é conseguir que o paciente caminhe por esse caminho, observado o que o conto mexe com ele, e, mesmo assim, conseguir trilhar esse caminho e sair dele, mais forte para enfrentar as questões que a vida lhe traz.
Referências Bibliográficas
GIORDANO, Alessandra. Contos que curam: a tradição oral como fonte de trabalhos arteterapêuticos. Rio de Janeiro: Wak, 2020.
GIORDANO, Alessandra. Contar Histórias, um recurso arteterapêutico de transformação e cura. São Paulo: Artes Médicas, 2007.
PHILIPPINI, Angela. Linguagens e materiais expressivos em arteterapia: uso, indicações e propriedades. 2. ed. Rio de Janeiro: Wak, 2018.
BUSATTO, Cléo. A Arte de Contar Histórias no Século XXI. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.
Vanessa Gasparetto
AATESP n.º 732/0121