A traição provoca uma imensa dor, além de possivelmente suscitar questões do passado experenciadas ainda no início do processo de desenvolvimento, na forma de recordações que aprisionam as pessoas em padrões de insegurança e medo. Ela envolve um problema de ordem moral, por tratar-se de uma mentira dos outros para conosco ou vice-versa, bem como estabelece uma severa quebra de confiança, na medida em que crer em alguém significa renunciar a oportunidades de controle do parceiro.
Em outras palavras, confiar implica não reger o agir das pessoas a quem amamos em exclusiva acordância com um molde nosso, particular, individual.
Contudo, a traição pode ser um motor impulsionador de mudança.
Hollis nos lembra em seu livro Os Pantanais da Alma “que a sexualidade e a raiva são os mais problemáticos dos encontros com a sombra, pois elas são vivenciadas pelo mundo do ego, e pelo coletivo, como anárquicas, perturbadoras da ordem social, fora de controle”.
Assim, a sexualidade é o caminho por que passa a traição para trazer à tona a sombra da relação, causando dor e raiva que poderão provocar o aparecimento de outros conteúdos sombrios.
A traição é um chamado ao crescimento e o perdão é a única medida capaz de nos libertar do passado.
Trata-se de um caminho para se tornar adulto, pois amar com segurança apenas se faz eficaz para que permaneçamos como crianças, ligados à imaturidade da idealização.
Texto: Socorro do Prado