Receber o diagnóstico de câncer não é fácil e para muitas pessoas ainda é considerado uma sentença de morte. Todos os processos de luta contra a doença são difíceis.
Podemos perceber, que o câncer se tornou uma doença “comum” nos últimos anos, dado a quantidade de pessoas que têm sido diagnosticadas com essa doença.
Buscar meios para que as pessoas diagnosticadas com câncer, convivam melhor com a doença e consigam enfrentar, melhor, todas as dificuldades que o câncer trás, é um dos caminhos que a arteterapia pode proporcionar aos pacientes.
Desde a descoberta da doença até o início do tratamento e depois a caminhada até o final do processo pode gerar no paciente oncológico, estresse, medo, insegurança, raiva, depressão dentre outras questões psicológicas ligadas ao que o câncer simboliza para as pessoas. O medo da morte, as mudanças que a doença traz para o paciente e seus familiares, tudo isso pode ter um olhar diferenciado quando aplicadas técnicas arteterapêuticas durante todo o processo. A arteterapia tem esse propósito e auxilia em todo o tratamento.
Para Vasconcelos e Giglio (2006), esse paciente “mergulha nessa realidade e precisa encontrar recursos internos próprios para enfrentar a doença, o tratamento e todas as suas repercussões físicas, psicológicas, familiares e sociais.” (p. 54)
Através da arteterapia, o paciente se expressa pelas imagens que são produzidas por movimentos corporais, nos recortes e colagens, nas modelagens, pinturas e através de diversas outras técnicas que trazem à tona todo o conteúdo inconsciente que se encontra dentro desse paciente ou do familiar do paciente.
Kern-Pilch (1980) que afirma que “o processo artístico pode ser visto como compensatório diante de tantas perdas vividas além de proporcionar uma revisão a respeito da própria vida, permitindo que o paciente entre em contato com sentimentos próprios em relação à morte.” (p: 61)
Borgmann (2002) destaca que a “Arteterapia favorece a conexão entre saúde física e mental ao oferecer concretamente a possibilidade de resgatar força e coragem por meio do processo artístico”, despertando dessa forma novas possibilidades para a resolução dos dilemas relacionados à doença. (p: 61)
O câncer, trás para a vida do paciente diversos conflitos. E a arteterapia estimula a resolução desses conflitos internos, que estão relacionados à doença. Bem como o desenvolvimento da resiliência, criatividade e o autoconhecimento.
Estudos científicos voltados ao processo saúde-doença têm focalizado a qualidade de vida e a saúde mental do paciente oncológico, mostrando que o objetivo terapêutico oferecido a esse doente não deve ter como meta, exclusivamente, a cura, a redução do tumor, o aumento da sobrevida ou o alívio da dor física; mas deve incluir a melhoria da qualidade de vida e a possibilidade de resgate da dignidade e da motivação para o viver (Carvalho, 1994; Holland, 1998).
Para a oncologista Nilshelena Bezerra, a vida não deve ser deixada em segundo plano. “Não é incomum que o diagnóstico de um câncer acabe sobrecarregando o paciente, seja pela complexidade da doença ou até mesmo pelos estigmas que o próprio nome traz. A vida fora do tratamento costuma ser relegada a segundo plano. A arteterapia, no contexto da oncologia, vem para lembrar ao paciente que é importante permear seu dia com outras atividades à parte do tratamento”, explica a médica.
Assim, podemos observar que o uso da arteterapia no acompanhamento psicológico dos pacientes portadores de câncer tem muitos benefícios para o paciente, e seus familiares, no enfrentamento da doença. Fazendo com que esse árduo caminho, fique mais leve e de melhor enfrentamento.
Vanessa Gasparetto
AATESP n.º 732/0121
Referências:
https://www.scielo.br/j/estpsi/a/GVLzSMnCbLZPnYQJ5hL3dsp?format=pdf
https://www.ijba.com.br/blog/arteterapia-e-oncologia/
https://www.faap.com.br/anais/congresso-multidisciplinar-2018/poster/093.pdf
Arte na Psicoterapia: Imagens Simbólicas Em Psico-oncologia
Erika Antunes Vasconcellos e Joel Sales Giglio