Uma das grandes formas de manifestação do Inconsciente, segundo o aprofundamento da Psicologia Analítica de Carl Gustav Jung (1875-1961), é a Arteterapia.
A arteterapia nos remete a uma disciplina onde suas diversas maneiras de aplicações residem nas formas de expressão artísticas e também do despertar da psique humana, consistindo em um processo terapêutico que procura unir os conteúdos do inconsciente e o consciente, e através dessa união, ela carrega em si o objetivo de extrair o que há de melhor, tanto nas artes de um modo geral, quanto nos mistérios da mente.
As origens da arteterapia remetem ao século XIX, quando o médico alemão chamado Johann Christian Rell criou e estruturou uma espécie de protocolo terapêutico que serve de base aos profissionais da área até os dias de hoje.
O profissional especializado em arteterapia trabalha com os elementos da música, da pintura, do desenho e de outras coisas para catalisar sentimentos, procurando dar ao indivíduo totais condições para que ele consiga extravasar tudo que o impede de desenvolver melhor seu autoconhecimento, entre outras coisas.
Na arteterapia, o sujeito que apresenta alguma psicopatologia consegue se expressar por meio de elementos da música, da escrita, da pintura, do desenho e da dança, e por este motivo, esta forma de processo terapêutico, está sendo cada vez mais utilizada para tratamentos psicológicos.
Portanto, um arteterapeuta é o profissional que utiliza a expressão artística no intuito de ajudar em tratamentos terapêuticos de ordem psicológica de indivíduos que apresentam transtornos dos mais variados.
Segundo Carvalho (1995), a Arteterapia consiste em uma área de atuação, onde o profissional capacitado, utiliza recursos de manifestações artísticas com finalidade a finalidade expressamente terapêutica. A arteterapia trabalha com a atividade artística como instrumento de intervenção profissional, afim de promover a saúde e a qualidade de vida, abrindo o leque de possibilidades para as mais diversas linguagens: plástica, sonora, literária, dramática e corporal, a partir de técnicas expressivas como desenho, pintura, modelagem, música, poesia, dramatização e dança.
Segundo os escritos de Nise da Silveira (2001), o psiquiatra suíço Carl Gustav Jung (1875-1961), foi quem expressamente iniciou a utilização de uma linguagem manifestada pela arte e associou essas expressões à prática da psicoterapia. Discordando do pensamento psicanalítico de Sigmund Freud, que defendia a tese de que as manifestações artísticas consistiam em uma forma de sublimação das pulsões, Jung considerava a manifestação artística uma função psicológica natural e estruturante, cuja capacidade de cura estava em dar forma, em transformar conteúdos inconscientes em imagens simbólicas.
Conforme Andrade (2000), Carl Gustav Jung sempre indicava aos seus pacientes que desenhassem ou pintassem livremente seus sonhos, sentimentos, situações que expressassem situações de conflito, e assim, analisava os processos criativos de seus pacientes como uma expressão simbólica do inconsciente individual e coletivo. Jung utilizava a técnica psicoterapêutica do desenho livre como forma de tornar mais fácil o processo de interação verbal com o paciente e porque acreditava totalmente na capacidade que o homem carrega em si mesmo para organizar seu caos interior através das expressões artísticas.
A arteterapia junguiana iniciou-se no Brasil tendo como referências essenciais o próprio Jung e o empenho desejo de humanização de Nise da Silveira. A partir do pensamento Junguiano, podemos afirmar que a função da manifestação da arte é intermediar a produção de símbolos do inconsciente.
De acordo com o estudo elaborado por Jung (1977) , uma palavra ou uma imagem é simbólica quando implica alguma coisa além do seu significado manifesto e imediato, sendo que esse outro sentido remete ao inconsciente. Contudo, enquanto para Freud o inconsciente é formado por conteúdos reprimidos, relativos à história pessoal do indivíduo, Jung concebe, além do inconsciente pessoal, a existência do inconsciente coletivo, formado pelos instintos e pelos arquétipos.
Carl Gustav Jung (1875-1961) denomina de coletivo, pois ele não é constituído de conteúdos individuais, mas de conteúdos que são universais e aparecem de maneira regular e natural.
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Texto: Evandro Rodrigo Tropéia
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Andrade, L. Q. (1995). Linhas teóricas em arte-terapia. In M. M. M. J. de Carvalho (Org.), A Arte Cura? Recursos artísticos em psicoterapia (pp. 39-54). Campinas, SP: Editorial Psy II.
Carvalho, M. M. M. J. (1995). O que é arte-terapia. In M. M. M. J. Carvalho (Org.), A arte cura? Recursos artísticos em psicoterapia (pp. 23-26). Campinas, SP: Editorial Psy II.
Jung, C. G. (1977). Chegando ao inconsciente. In C. G. Jung & M. L. von Franz (Orgs.). O homem e seus símbolos (M. L. Pinho, trad., pp. 18-103). Rio de Janeiro: Nova Fronteira.
Jung, C. G. (2001). Memórias, sonhos, reflexões (21a ed., A. Jaffé, Ed., D. F. Silva, trad.). Rio de Janeiro: Nova Fronteira.
Silveira, N. (2001). O mundo das imagens. São Paulo: Ática.