Todos conhecemos a história da formação de uma pérola. A ostra transforma o grão de areia ou um parasita, o intruso de seu interior que a incomoda em si mesma e a transforma em algo novo.
É uma reação de defesa para com o manto que envolve o corpo mole da ostra, um caminho para sobrevivência. Para ostra a pérola não tem o valor de uma joia, de algo raro. Mesmo porque nem todas as pérolas que se formam são especiais ou valiosas.
O que fazer com os grãos de areia, intrusos, decepções, doenças, fracassos e desamores que permeiam a existência humana?
A forma como reagimos frente às dores interiores na vida nem sempre nos fazem seguir em frente, transformados e esperançados com futuro. Às vezes nos bloqueiam, frustram e paralisam. Como superar os traumas vividos?
Nosso inconsciente tem as soluções? Como nosso inconsciente pode ser acessado? Como ingressar em uma jornada de autoconhecimento que nos possibilite ter ferramentas para cura dessas dores e transmutá-las.
Jung nos apresenta a dualidade humana, o nosso bem e o nosso mal internos escondidos em nosso inconsciente. Aquilo que não queremos mostrar aos outros e temos dificuldade em aceitar em nós mesmos, nossa sombra.
O inconsciente é um território a meia luz que se manifesta através dos sonhos com mitos e símbolos que travam um diálogo entre o self consciente e o inconsciente coletivo onde os arquétipos vivem.
A medida que o olhar para o autoconhecimento passa pelo afeto e vai tendo espaço no consciente, a luz acessada gera aceitação e cura. A Arteterapia é o caminho do acolhimento cujo processo de acesso a compreensão desses modelos simbólicos arquetípicos podem ser desvendados para entender o mundo e nossas experiências. À medida que usamos nossos instintos temos a impressão que estamos usando nossas expressões emocionais e comportamentais, porém para Jung o que julgamos ser instinto é na verdade o uso do inconsciente dos arquétipos.
Eles podem ser encontrados em qualquer forma de expressão artística, na escrita criativa, na pintura, na escultura, na representação teatral, na contação de histórias.
São o olhar, o toque, o acalento, o não julgamento, a escuta no silêncio do grito interno em busca da aceitação.
A Arte como meio condutor nesse processo é um facilitador leve e agradável que usa as cores, formas, técnicas e materiais
juntamente com a psicologia analítica desvendando o universo do inconsciente humano trazendo humanização ao processo de individuação proposto por Jung. Transforme, transmute seus grãos de irritação. Sensibilize Se, mude o olhar, encontre forças nas tempestades, use a Arteterapia em seu processo de autoconhecimento e descubra que o sol nasce todas as manhãs e se põe todas as noites dando espaço a Lua e assim o equilíbrio da vida se faz através da dualidades da existência.
Tricia Penna
Registro na AATESP: 494/319
Referência Bibliográficas
Nachmanovith, Stephen.Ser Criativo. São Paulo: Summus,1993
Jung, Carl. O homem é seus símbolos. Rio de Janeiro: HarperCollins Brasil, 2016