O título do presente artigo que pretendo compartilhar com nossos seguidores, por si só já nos é bem sugestivo e nos remete ao conceito de Anima abordado pelo psiquiatra suíço Carl Gustav Jung (1875-1961).
Segundo Jung (2016), dentro de cada ser humano existe uma contraparte sexual. Ele nos aponta que Anima é o Arquétipo que constitui o lado feminino da psique masculina.
Desde os tempos da Idade Média já havia um determinado ditado que dizia: “Cada homem traz em si uma mulher”.
“Todo homem leva dentro de si a imagem eterna da mulher, não a imagem desta ou daquela mulher em particular, mas sim uma imagem feminina bem definida, (…) sendo inconsciente, tal imagem, é sempre projetada na pessoa amada, e constitui um dos principais motivos da atração apaixonada ou aversão.”
(Carl Gustav Jung)
De acordo com Viviane Thibaudier (2014) a contrapartida sexual presente no ser humano trata-se de uma disposição da nossa psique que busca reconhecimento por ser uma parte considerável de nossa vida.
A sociedade, na maioria das vezes, ainda adota um sistema patriarcal que se baseia em muitos fatores constituídos pelo senso comum. Os homens devem ser fortes, corajosos, racionais e jamais devem se deixar levar pelas emoções. Já as mulheres devem ser doces, frágeis e completamente movidas pela emoção.
Thibaudier (2014) afirma que ao se basear neste tipo de concepção, o lado feminino presente em cada homem encontra severas dificuldades no curso de seu desenvolvimento.
A Psicologia Analítica nos ensina que o arquétipo Anima é o responsável por todos os afetos que o homem não consegue obter controle.
Segundo Carl Gustav Jung (2016) a imagem arquetípica do feminino já existe no inconsciente do homem desde antes mesmo do seu nascimento. Para Jung, a figura materna é o primeiro suporte para a Anima.
Todo homem no decorrer do percurso da vida deve reconhecer e aprender a lidar com o feminino dentro de si. Este processo de reconhecimento pode acontecer ainda no período da infância.
Viviane Thibaudier (2014) nos revela que quando há o despertar e o reconhecimento da Anima no menino, as características do homem adulto começarão a se contrabalançar. A unilateralidade de seu comportamento viril, violento e racional começam a dividir espaço com a sensibilidade, com a doçura e com a emoção.
Quando o homem reconhece e consegue atingir a integração dos conteúdos relacionados com a sua Anima, ele passa a descobrir as possibilidades de ser também reconhecido pelo seu lado doce, calmo e amável. Estas características passam a ser percebidas através da relação do homem com o mundo externo. Tal fato nos remete a um equilíbrio saudável que traz inúmeros benefícios ao universo masculino.
Segundo Viviane Thibaudier (2014) se a parte feminina do homem permanecer reprimida no inconsciente e não se integrar no campo da consciência, tudo aquilo que for reprimido, ignorado e rejeitado acabará se expressando de alguma maneira durante a vida. Esta expressão pode ocorrer através da projeção que o inconsciente de um homem direciona para as mulheres.
Por isso, muitos homens esperam que as mulheres que estão à sua volta desenvolvam na vida dele aquilo que ele mesmo não “deu conta” de desenvolver em sua própria vida.
A canção “Masculino e Feminino”, grande sucesso na voz do cantor Pepeu Gomes, composta em 1983 por Claudimar Oliveira Gomes, Baby Consuelo e pelo próprio Pepeu Gomes, retrata de forma brilhante a manifestação da Anima na psique masculina.
Ser um homem feminino não fere o meu lado masculino
Se Deus é menina e menino. Sou masculino e feminino
Olhei tudo que aprendi e um belo dia eu vi
Que ser um homem feminino não fere o meu lado masculino
Se Deus é menina e menino. Sou masculino e feminino
E vem de lá o meu sentimento de ser
E vem de lá o meu sentimento de ser
Meu coração Mensageiro, vem me dizer
Meu coração Mensageiro, vem me dizer
Salve, salve a alegria
A pureza e a fantasia
Salve, salve a alegria
A pureza e a fantasia
Olhei tudo que aprendi e um belo dia eu vi
Que ser um homem feminino não fere o meu lado masculino
Se Deus é menina e menino. Sou masculino e feminino
Vou assim, todo o tempo
Vivendo e aprendendo (…)
Para que haja um desenvolvimento saudável da psique masculina é necessário encontrar o ponto de equilíbrio entre a Persona (máscara que usamos para sermos inseridos no mundo externo) e a Anima (O lado feminino no interior de cada homem).
Portanto, não é vergonhoso dizer com toda a convicção:
Ser um homem feminino não fere o meu lado masculino!
Evandro Rodrigo Tropéia / Instituto Freedom
CRP: 06/143949
Referências Bibliográficas:
JUNG. C. G. O Homem e seus Símbolos. Ed. Harper Collins. 2016.
THIBAUDIER. Viviane. Jung, o Médico da Alma. Ed. Paulus. 2014.
Letra de Masculino E Feminino © Warner/chappell Edicoes Musicais Ltda