Na psique encontramos elementos dinâmicos e estruturais como: persona, os complexos, as expressões dos arquétipos, a sombra, entre outros. E qualquer identificação com essas estruturas que se relacionam entre si pode servir de obstáculo ao processo de individuação.
Quando há uma identificação com algum desses elementos, o ego acaba se fixando de maneira inconsciente, podendo impedir o avanço do indivíduo em direção à uma ampla realização.
Essas estruturas que compõem a psique se manifestam para o indivíduo através de vozes, imagens, fantasias, afetos, sensações que ocorrem com uma certa frequência e intensidade, colocando exigências que levam o indivíduo em direção à uma ou outra experiência. É no processo da terapia que podemos observar e organizar “dar nome” à esses elementos e assim possibilitar que o indivíduo possa tomar consciência sobre o que o influencia.
Muitas vezes é possível identificar essas influências oriundas das experiências anteriores que o individuo vivenciou com seus pais, família, professores e pessoas que tiveram uma forte presença afetiva em sua vida.
É ouvindo com atenção essas vozes e imagens à medida que chegam concretamente ao campo do pensamento e do funcionamento conscientes – e que se as percebe influenciando e às vezes até se apossando da vontade consciente e da intenção – que nos deparamos com a dimensão mítica da psique, esta a apenas um passo da morada dos poderes numinosos. Na fase analítica da individuação, a identificação inconsciente do ego com tais figuras, entre elas as arquetípicas, torna-se objeto de aná (em grego, “para cima”) + lysis (em grego, “afrouxamento”, “dissolução”) (ou seja, análise = decomposição, separação). A pessoa precisa se libertar do poder e da influencia dessas figuras. Desvinculação e separação, e não união, são os temas centrais desse movimento (STEIN, 2020, p 45).
Essas expressões do inconsciente podem ser provenientes do inconsciente coletivo, desse lugar onde habitam as imagens primordiais ou os arquétipos.
Por meio da análise podemos verificar tamanha a força com que essas imagens primordiais exercem um influencia fortíssima sobre o indivíduo, sendo comparada à “força dos deuses” ou “experiência do divino”.
Revirando esses recônditos, Jung descobriu o poder de influencia das imagens primordiais sobre a consciência, tornando-se para ele irrefutável a autoridade determinante dessas imagens para a vida psicológica. Presos em torno e dentro de vozes e imagens interiores e pessoais, Jung descobriu “os deuses”. Essas forças e energias impessoais de dimensão colossal e qualidades primitivas, ao mesmo tempo sofisticadas; não só perturbam a consciência, porém; são também portadoras de cultura, de valores espirituais transmitidos ao longo de gerações, e de padrões de instinto e imaginação que podem ser encontrados em todas as culturas e em todas as épocas da história humana. Em última análise, as imagens dessas forças personificam e representam a experiência do divino vivenciada pela humanidade, por um lado, e dos instintos (como sexualidade, fome, criatividade etc.), por outro (STEIN, 2020, p 46).
Segundo a psicologia analítica tomar consciência dessas forças que atuam na psique é primordial para realizar o processo de individuação.
00Referência Bibliográfica
STEIN, Murray. Jung e o caminho da individuação: uma introdução concisa. Trad. Euclides Luiz Calloni – São Paulo: Cultrix, 2020
Texto: Alessandra M. Esquillaro – CRP 06/97347
1 comentário
[…] Os arquétipos são imagens e padrões primordiais que estruturam nosso inconsciente coletivo. Segundo Jung (2009), o inconsciente coletivo é formado pela soma dos instintos e sua relação com os arquétipos. Assim como possuímos instintos, também herdamos um repertório de imagens primordiais, que moldam nossos pensamentos, emoções e comportamentos. […]