A descoberta de um mundo de sonhos e brincadeiras é feita através do acesso à fantasia e ao mundo imaginário da criança, que é extremamente rico em ideias. Esse mundo pode ser acessado pela arteterapia quando o arteterapeuta assume um papel importante de se identificar com a criança e se disponibiliza a entrar no mundo dela. A empatia tem um papel importante nesse aspecto.
Para Winnicott (1975), a saúde está fortemente ligada à capacidade de brincar das pessoas e de serem criativos.
Acredita-se que a arteterapia se configura como uma alternativa de atendimento psicológico a crianças, já que as produções artísticas das crianças oferecem informações ao terapeuta, que poderiam não ser obtidas através de meios verbais, beneficiando a criança que necessita de intervenção e compreensão (MALCHIODI, 1997, apud SEI; PEREIRA, 2005).
Conhecer a criança e suas necessidades, ter a escuta como papel primordial, respeitar seus momentos e fases, faz parte do processo arteterapêutico. Além de compreender gestos e posturas, pois às vezes a criança não diz tudo.
Visualizações criativas e atividades de consciência corporal são bem vindas nesse contexto, assim como o ato de brincar, fundamental para o desenvolvimento da imaginação da criança. O brincar é uma das mais claras formas que a criança tem de se expressar, é por ele que ela experimenta o mundo, dando-lhe significados.
O brincar facilita o crescimento e portanto, a saúde; o brincar conduz aos relacionamentos grupais; o brincar pode ser uma forma de comunicação na psicoterapia; finalmente, a psicanálise foi desenvolvida como forma altamente especializada do brincar, a serviço da comunicação consigo mesmo e com os outros (Winnicott, 1975, p. 63).
O trabalho conduzido por cientistas da Universidade de Case Western Reserve, em Ohio (EUA), mostrou que não só as crianças estão mais imaginativas como também usam a brincadeira para desenvolver melhor a
inteligência emocional. Os pesquisadores ressaltaram que, quanto mais essas habilidades infantis são usadas no dia a dia, melhor são as faculdades associadas à memória, à criatividade e à resolução de problemas, características muito valorizadas no mundo adulto. “Por meio da imaginação e da fantasia, elas aprendem a processar emoções e desenvolvem processos cognitivos fundamentais para o desenvolvimento ao longo da vida”, enfatiza a psicóloga responsável pela revisão, Sandra Russ.
As crianças brincam com mais facilidade quando a outra pessoa pode e está livre para ser brincalhona. Daí a importância do vínculo, pois ela tem que ter confiança com quem brinca (mãe, pai e arteterapeuta).
O prazer de brincar é auto curativo, terapêutico. É uma experiência criativa, uma forma de viver, uma experiência que consome espaço e tempo real para a criança. O brincar deve ser espontâneo.
Quando a criança brinca ela projeta ao mundo como ela é. Ela traz a realidade externa para o brincar, usando a serviço do real interno ou pessoal. E põe para fora seu potencial vindo do real externo. É no brincar que a criança libera sua criação, sua criatividade. Sendo criativo o indivíduo descobre seu eu (self). Viver criativamente constitui um estado saudável.
Bibliografia:
OAKLANDER, Violet. Descobrindo Crianças. São Paulo: Summus, 1980.
SANTOS, Dilaina Paula dos. Psicopedagogia dos Fantoches. São Paulo: Vetor, 2006
SEI, Maíra Bonafé; PEREIRA, Luísa Angélica Vasconcellos. Grupo Arteterapêutico Com Crianças: reflexões. Disponível em:
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677- 29702005000100006> Acesso em: 28 de dez de 2019
WINNICOTT, D. W. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1975.
Texto escrito por Samantha Briant, para o Instituto Freedom.