O psiquiatra suíço Carl Gustav Jung (1875 – 1961) buscou um paralelo entre a alquimia e sua psicologia profunda. A busca pela transformação e pelo valor são as essências básicas que envolvem a Psicologia Analítica e a alquimia.
O primeiro contato do mestre Jung com a alquimia se desenvolveu através da leitura do texto “O segredo da flor de ouro”, que lhe foi enviado por Richard Wilhelm em 1927.
Através da evolução histórica da humanidade, podemos concluir que os processos alquímicos surgiram através da descoberta do fogo e a transformação da matéria. Fato este, que nos remete ao período pré – histórico.
De acordo com o pensamento proposto e expandido por Carl Gustav Jung, a alquimia consiste na química arcaica que antecedeu a química experimental, mesclando especulações diversificadas, figuradas e intuitivas, parcialmente religiosas, a respeito da natureza e do homem.
Carl Gustav Jung ponderava que os processos alquímicos, observados sob a ótica do contexto simbólico e não do contexto cientifico, poderiam ser considerados como peças fundamentais do estudo do Inconsciente e através desse estudo realizar uma associação com o processo de transformação da personalidade humana. Assim, como a Psicologia Analítica desenvolvida por Jung, a alquimia pode ser observada e analisada como uma força subversiva e subterrânea.
Podemos comparar a Alquimia com o relacionamento entre analista e analisando. Para Carl Gustav Jung, este processo se torna claramente visível através do processo dialético e na psicologia da transferência.
A Transferência é um processo pelo qual o sujeito inconsciente e impropriamente, desloca para o Psicólogo, aqueles modelos de comportamentos e as reações emocionais que se originaram com as figuras significantes de sua infância. Na Transferência, o paciente transfere para o terapeuta figuras como o pai, mãe, irmão, marido, etc.
A resistência do paciente também se caracteriza numa forma de Transferência. Neste caso, o paciente compete, ou tenta obter provas da aceitação do terapeuta, buscando através da manipulação. Muitos atribuem ao psicólogo uma espécie de grande poder, devido a isso lançam o desafio de resolver magicamente os seus problemas.
Segundo Carl Gustav Jung (1875-1961), a marcação de uma consulta é a formalização de um processo já iniciado, precedido de uma angústia intensa e ambivalência. Nesta etapa, o paciente já admite a existência de um grau elevado de perturbação e de intensa dificuldade de elaboração que justificam a necessidade de buscar um auxílio terapêutico.
James Hillman (1975) nos aponta que, as Motivações Inconscientes se encontram nos níveis mais profundos da psique. Essas motivações consistem no motivo real da consulta, que na maioria das vezes, é desconhecida pelo paciente e por todas as pessoas que estão ao seu redor. Cabe ao Psicoterapeuta perceber, escutar, aproximar e observar como o paciente trata a si mesmo e a sua angústia. É preciso observar todos os movimentos, pois estes podem ser importantes indicadores de aspectos Inconscientes.
O principal objetivo da análise junguiana é a libertação da alma de sua prisão material, a qual denominamos “Neurose”.
Segundo James Hillman (1975), a personalidade é uma combinação específica de chumbo depressivo denso com enxofre agressivo inflamável, sal sábio amargo, mercúrio evasivo volátil.
Carl Gusta Jung (1875 -1961) se dedicou de forma muito profunda ao estudo dos processos alquímicos e assim, paralelamente incorporou os conceitos em sua psicologia, destacando-se as seguintes obras:
- Mysterium coniunctionis;
- Aion;
- Psicologia e alquimia.
O fato desencadeador que proporcionou a descoberta da alquimia por Carl Gustav Jung foi o famoso encontro dele com sua tão almejada pedra filosofal. Foi através dos estudos dos processos alquímicos que Jung conseguiu atingiu a expressão maior e a essência que permeia a sua Psicologia Complexa. Também foi através da Alquimia que Jung atingiu o se ápice em sua vida particular.
Texto: Evandro Rodrigo Tropéia para Instituto Freedom
Psicoterapeuta CRP: 06/143949
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
A Critical Dictionary of Jungian Analysis © 1986 Andrew Samuels, Bani Shorter, Alfred Plaut. 1ª Edição em português. Imago Editora. Rio de Janeiro, 1988
Hillman, J. (1975), Revisioning Psycholy, Harper & Row, New York.
CUNHA, Jurema Alcides – Psicodiagnóstico V – 2000
HANS DIECKMAN, Berlim (Revista de Psicologia Analítica – Vol III, nº 1 – Março 1972) – trad. Denise Mathias e João Bezinelli