… ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana. Jung
É de extrema importância compreender a atuação do arteterapeuta no processo que se estabelece entre ele e o cliente. O arteterapeuta deve ser entendido como o mediador do processo terapêutico. Sua função é acolher, escutar sem julgamentos, sensibilizar-se com o outro, olhar sem preconceitos para que o cliente consiga derrubar resistências e se reconectar com seu Self.
A tarefa do terapeuta é acolher o cliente com tudo que ele traz de tenebroso ou sublime, deixando-o depositar no chão sua bagagem, que se tornou pesada de tanto ser carregada nas costas. Juliano (1999,p.28).
Jung afirmava que só aquilo que somos realmente é capaz de curar-nos, assim o arteterapeuta não tem função de curar o cliente, mas por meio de atitude empática e contemplativa permitir que o processo terapêutico aconteça para que o cliente se cure, e isto significa, muitas vezes, aceitar as limitações e os pontos frágeis para poder continuar em sua jornada de forma mais íntegra e consciente. Outro ponto muito importante é o arteterapeuta estar aberto e atento para conteúdos externados pelo cliente em suas produções artísticas e a expressão que este dá a elas, sem se preocupar em interpretar aquilo que está sendo trazido pelo outro.
Ser arteterapeuta é estar disposto a “ouvir” o que simbolicamente é produzido no encontro, abandonando seus julgamentos e enxergando o belo na originalidade e singularidade de cada expressão. Maciel (2012,p.70/71).
A formação do arteterapeuta deve se basear não só no arcabouço de conhecimentos acadêmicos, mas também em seu autoconhecimento por meio de processo terapêutico para poder desempenhar com segurança e precisão o papel de mediador no processo terapêutico de outro.
Campbell salientou que aquele que não se dispõe a conhecer a sua história e o seu passado, tende a repeti-los. O que não é conhecido, confrontado, mantém-se indiferente e alheio ao nosso campo de compreensão consciente. Maciel (2012,p.71).
Bibliografia
JULIANO, Jean Clark. A arte de restaurar histórias. São Paulo: Summus, 1999.
JUNG, C.G. O homem e seus símbolos, 12ª. Edição. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira,1993.
MACIEL, Carla (orgs.). Diálogos criativos entre Arteterapia e a Psicologia 00Junguiana. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2012.
Texto escrito por Maria da Graça Alves Cardoso, Arteterapeuta.